Topo

O rio não tem culpa de nada, diz garoto do vídeo "Aqui é Acre"

Carlos Madeiro

Do UOL, em Rio Branco

12/03/2015 12h00

Aos 13 anos, o garoto Raimo Lima ficou conhecido como “garoto ostentação da água" após gravar um vídeo brincando com a seca de São Paulo. No vídeo, enquanto recebe um forte jato d'água, dança e canta: "Avistei uma menina de São Paulo. Sabe o que ela quer? Um banho".

O vídeo foi divulgado no dia 6 de março, pouco antes do rio Acre ter a maior cheia de sua história, causar devastação em cinco cidades e deixar mais de 20 mil desabrigados e desalojados. Foi o suficiente para que ele começasse a receber críticas pelas redes sociais. 

O adolescente conversou com o UOL e disse que já cansou de ouvir comentários que o “responsabilizam” pela cheia do rio, que seria uma "resposta" à ostentação da água. Quando o comentário é dos acrianos, ele diz que leva “na brincadeira”.

Apesar da pouca idade, Raimo mostra consciência sobre o problema ambiental e anistia o rio da maior tragédia natural da história do Acre. “Não é o rio que está invadindo as casas e ruas. São as próprias pessoas que ocuparam o lugar por onde o rio ia passar. O rio não tem culpa de nada”, disse. Raimo mora em um bairro distante da alagação e conta que não tem amigos que ficaram desabrigados.

Para ele, os paulistas são “muito preconceituosos” e não estão ajudando as vítimas da cheia no Acre. Apesar dos comentários o criticando pela brincadeira, ele diz que não se arrependeu do vídeo.  Questionado se continuaria a fazer outros vídeos, desconversou. "Estou sem ideia. Mas pretendo [brincar com o tema outras vezes], sim”, diz o garoto, bem-humorado.

Raimo afirma ainda que a repercussão nacional de seu vídeo, feito no quintal de casa, foi uma surpresa. “Não esperava. Fui procurado pela imprensa. Meus colegas ficaram perguntando muitas coisas, dizendo: 'tá famoso, hein?!' Dei muitos autógrafos [risos]”, diz. O sucesso do vídeo rendeu também comentários negativos. “Muitas pessoas escreveram, mais nos comentários do Facebook, mas não dou a mínima”, disse.