Rio tenta evitar arrastões com bloqueios, helicóptero e Tropa de Choque
Cerca de 1.000 PMs, guardas municipais e assistentes sociais estarão na orla da zona sul do Rio de Janeiro, a partir deste sábado (26), para o começo da Operação Verão, com objetivo de evitar que as praias da região sejam palco de novas cenas de arrastões, roubos e violência, como ocorreu no último fim de semana.
Só da PM, serão 700 homens e mulheres de diferentes batalhões, inclusive da Tropa de Choque. Um helicóptero do GAM (Grupamento Aeromóvel) será usado para captar imagens em alta resolução no trecho entre as praias de Botafogo, na zona sul, e do Recreio, na zona oeste. Elas serão enviadas a uma base móvel de comando, que ficará no Arpoador, na zona sul.
Também participarão da força-tarefa 300 agentes da Guarda Municipal e de secretarias municipais (Ordem Pública, Transportes e Desenvolvimento Social). Eles serão distribuídos em sete tendas na areia, ao longo da orla, montadas em pontos estratégicos.
A decisão de antecipar a Operação Verão foi tomada em reunião emergencial no CICC (Centro Integrado de Comando e Controle), na terça-feira (22), quando o secretário de Estado de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, anunciou o retorno das abordagens a adolescentes nos ônibus em direção à praia --o procedimento havia sido proibido pela Justiça.
A abordagem nos ônibus é a principal aposta do governo do Estado para conter a onda de arrastões. "Não se trata de racismo, mas sim de vulnerabilidade. Como é que um jovem sai de Nova Iguaçu, a 30 km de distância da praia, sem dinheiro para comer, para beber, para pagar a passagem, só com uma bermuda?", questionou o secretário, na segunda-feira (21).
A ação da PM nos pontos de ônibus será mais intensa em 34 paradas, sendo 17 pela manhã e 17 à tarde. Apenas adolescentes que tenham sido flagrados cometendo crimes poderão ser levados para a delegacia. "Se o garoto estiver apenas sem documento, o assistente social vai ao local para fazer a análise do caso, da ficha social, entrar em contato com a família. Só será levado para a delegacia quem estiver praticando algum delito", disse o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Adilson Pires, ao UOL.
A secretaria informou que serão instaladas duas bases físicas, próximas aos postos 7 e 9, em Ipanema. As delegacias da região terão reforço no plantão. "Não atuaremos na blitz, revistando as pessoas. Esse papel é da polícia, e não do assistente social", afirmou Adilson.
Efetivo
O efetivo da Polícia Militar na Operação Verão deste ano é praticamente o mesmo em comparação com o ano passado. Na relação dos 700 PMs, além dos lotados nos batalhões da região e da Tropa de Choque, há policiais da cavalaria da corporação, do BAC (Batalhão de Ações com Cães) e BPGE (Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos).
O policiamento ostensivo não se resumirá a abordagens a adolescentes nos ônibus. Os PMs também poderão circular em rondas na areia. Em casos de tumulto, poderão utilizar armamento não letal.
A Operação Verão ocorre anualmente nas praias cariocas. Em 2014, ela também foi antecipada em três meses para reduzir furtos e roubos na zona sul. O efetivo empregado pela Polícia Militar é maior, por exemplo, do que em algumas operações especiais em favelas. Na ação que resultou na ocupação pré-UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Mangueira, na zona norte, em 2011, foram utilizados 600 policiais. A população nessa região é de quase 18 mil pessoas.
Arrastões
No último fim de semana, frequentadores de praias da zona sul carioca ficaram em pânico com arrastões e cenas de violência. Foram registrados tumultos em locais como Copacabana, Arpoador, Ipanema e Botafogo. Pelo menos 30 pessoas foram detidas pela polícia. Em Botafogo, um vendedor levou um tiro em uma tentativa de assalto. No Humaitá, uma padaria foi saqueada por 20 pessoas.
Os arrastões provocaram reações exaltadas e manifestações de incitação à violência nas redes sociais, tanto de moradores dos locais afetados quanto de jovens que afirmam ter sido agredidos pelos chamados "justiceiros" após as ações.
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