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Teto de refeitório desaba em alojamento de competidores indígenas

Marcelo Brandão*

Enviado especial da Agência Brasil, em Palmas

24/10/2015 16h17

Parte do teto da Aldeia Okara, onde várias etnias indígenas estão alojadas para os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, desabou no início da manhã deste sábado (24), por volta das 6h. De acordo com indígenas que passaram a noite no local, não houve feridos entre eles. Três funcionárias, no entanto, se feriram levemente. Duas foram medicadas no local e uma, com ferimentos das costas e na perna, foi levada a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), mas já foi liberada.

Em nota, o CNE (Comitê Nacional Executivo) dos jogos disse que o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil apuram as causas do acidente. O CNE disse ainda que a estrutura será remontada após a realização de perícia. “O café da manhã dos indígenas foi servido ao ar livre e o almoço será realizado com kits-refeição que serão servidos em quatro tendas provisórias”, destacou o comunicado.

O incidente provocou receio entre os competidores. O indígena Kiegewa, da etnia Bororo Boe, reclamou do ocorrido e disse não se sentir seguro para voltar ao local mesmo depois de reformado. “Estou me sentindo lesado. Não serviram o café da manhã e não tem almoço. Queriam nos dar um lanche reforçado no lugar. Sinceramente, não me sinto seguro de voltar lá”, declarou.

Segundo o líder da etnia Karajá-Xambewá, Edmilson, uma tragédia não aconteceu por muito pouco. “Às 6h, o refeitório abre. Já tinha uma fila grande na porta para entrar. Por uma questão de uns cinco minutos não tinha esmagado muita gente lá dentro, porque os equipamentos de ar-condicionado despencaram. Graças a Deus não matou ninguém”, disse.

Uma reunião entre caciques e organização definiu que os indígenas vão almoçar em restaurantes de Palmas. Por volta das 13h, vários indígenas embarcaram em ônibus e seguiram para o almoço.

Um carro do Corpo de Bombeiros Militar deixava o local quando foi abordado pela reportagem. Os militares desconversaram e disseram apenas que “ocorreu um probleminha que já foi solucionado”. Na entrada da Okara, onde a imprensa é proibida de ultrapassar, um bombeiro civil disse que não estava autorizado a falar e se recusou a prestar qualquer informação.

Venda de água proibida

Na entrada da Okara, ambulantes vendem água, suco e “geladinho”, uma espécie de sorvete no saquinho. Eles reclamam de não poderem ficar no local. “O pessoal da prefeitura disse que só podemos ficar a dois quilômetros daqui, que não podemos vender aqui. A dois quilômetros, no meio do mato, eu vou vender para quem?”, reclamou o ambulante Matias Rodrigues.

Rodrigues alega que não está prejudicando ninguém com as vendas. “Os índios estão comprando com a gente e reclamam quando não estamos”. Durante a permanência da reportagem no local, sob forte calor, vários índios compraram o “geladinho” de Matias e de seu colega. Matias se queixa ainda de ter sua mercadoria apreendida quando é surpreendido pela Guarda Municipal ou por fiscais da prefeitura.

*Colaborou Nathália Mendes, do Portal EBC