Greve em SP: Motoristas de ônibus suspendem paralisação após acordo

O SindMotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo) suspendeu a paralisação prevista para esta quarta-feira (3) na capital paulista após acordo com o SPUrbanus (sindicato patronal).

O que aconteceu

A informação foi confirmada ao UOL pelo vereador Milton Leite (União). A nova negociação entre o SindMotoristas e o SPUrbanus foi intermediada pelo parlamentar. O anúncio da suspensão da greve foi feito no fim da noite desta terça-feira (2).

Vereador citou avanços na negociação. "Primeiro, avançamos a pedido das duas partes, patronal e sindicato. Nós encaminhamos um acordo imediato para a suspensão da greve. E avançamos nos pontos de discussão de divergências. Houve grandes avanços que permitiram hoje suspender a greve. Eu fui procurado pelas duas partes, pedi que se informasse o prefeito e, assim, a greve não ocorrerá amanhã [quarta-feira (3)]. Eles vão tomar as medidas nas suas garagens", disse Milton Leite.

Acordo garante mudança na jornada de trabalho e aumento no vale-refeição, diz SindMotoristas. "Reduzimos a jornada de trabalho, que era de 7h + 1h. Eram 8h. Reduzimos para 6h30 mais 30 minutos de refeição remunerada. Conquistamos o aumento no tíquete [refeição]. Essa jornada deve ficar aí em uns 60 dias para fazer a transição. Porque não dá para fazer em cima da hora", afirmou Edivaldo Santiago, presidente do sindicato dos motoristas.

Outros pontos serão discutidos em nova reunião. "Nós vamos, na próxima quarta-feira, ter outra reunião para discutir outros problemas que ficaram do ponto de vista econômico", acrescentou Santiago.

Categoria pede outras melhorias, além da redução da jornada de trabalho e aumento no vale-refeição: reajuste salarial de 3,69% pelo IPCA-IBGE mais 5% de aumento real; cesta básica de qualidade; correção do Programa de Participação nos Resultados (PPR) de R$ 1.200 para R$ 2.000; e melhorias no seguro de vida, nos convênios médico e odontológico, além de revisão dos valores do auxílio funeral.

Mesmo com a circulação normal dos ônibus, o rodízio de veículos continuará suspenso nesta quarta-feira (3), informou a prefeitura. O prefeito Ricardo Nunes cancelou a visita ao centro de monitoramento da SPTrans, de onde iria acompanhar a paralisação.

Greve havia sido confirmada após dia de negociações

A greve estava prevista para começar à 0h de quarta-feira. A paralisação atingiria todas as garagens e terminais do sistema local. O movimento foi liderado pelo SindMotoristas, entidade que representa os motoristas, cobradores e demais funcionários do setor de manutenção e fiscalização dos ônibus.

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Decisão havia sido tomada após duas reuniões de negociação com o setor patronal. Na manhã desta terça-feira, o sindicato se reuniu com o Tribunal de Contas do Município a pedido da SPTrans. Em seguida, outro encontro foi marcado para uma audiência de conciliação convocada pela Justiça do Trabalho, esta a pedido dos trabalhadores.

Proposta do sindicato que representa as empresas não foi aceita pela categoria. À tarde, o SPUrbanuss apresentou uma nova proposta de reajuste salarial (de 3,60%), mas não houve acordo.

O Sindicato havia dito que o sindicato patronal não apresentou propostas capazes de desmobilizar o movimento. O desembargador Davi Furtado Meirelles, do Tribunal Regional do Trabalho, cita no despacho que, segundo o SindMotoristas, ao final do mês de junho, não houve "avanços nas negociações coletivas" entre as partes, e que "nada de concreto foi apresentado ao sindicato" por parte da categoria patronal.

Greve havia sido anunciada na última sexta-feira (28). Na ocasião, os trabalhadores já tinham informado que, se houvesse alguma proposta do setor patronal, seria convocada uma nova assembleia antes da paralisação.

Após pedido da prefeitura, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) concedeu uma liminar para garantir 100% do efetivo de ônibus em horário de pico e 50% nos demais períodos. "Em relação às motivações dos trabalhadores, a Prefeitura esclarece que apenas acompanha a negociação entre as partes e espera que os representantes da categoria e dos empresários encontrem um ponto em comum na campanha salarial sem prejuízo aos passageiros", diz o comunicado.

Outra greve havia sido suspensa em junho

O SindMotoristas já havia programado uma greve no início de junho, mas a paralisação foi suspensa. A decisão, tomada em assembleia no dia 6 do mês passado, foi unânime. Na véspera, o sindicato já havia desistido da paralisação após audiência na Justiça do Trabalho com a SPTrans e a SPurbanuss, o sindicato que representa as concessionárias responsáveis pelo transporte na capital paulista.

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Se aprovada, greve paralisaria cerca de 60 mil funcionários. O número inclui motoristas, cobradores e operadores do setor de manutenção e fiscalização. Segundo a SPTrans, a cidade tem 1.304 linhas operadas por concessionárias, e a paralisação poderia afetar 4,3 milhões de pessoas que usam o transporte diariamente. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) chegou a falar em 7 milhões de pessoas prejudicadas.

Com Estadão Conteúdo

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