Socorristas voluntários atenderam 38 pessoas feridas em protestos em SP
Flávio Costa
Do UOL, em São Paulo
28/01/2016 06h00
Socorristas voluntários do Gapp (Grupo de Apoio ao Protesto Popular) atenderam 38 pessoas feridas durante os protestos contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem, realizados neste mês na cidade de São Paulo.
"Este número não corresponde ao total de feridos nas manifestações, somente àqueles que receberam de nós os primeiros socorros", explica o publicitário Alexandre Lenharo, um dos fundadores do grupo e formado em seis cursos diferentes de primeiros socorros.
Entre os 38 feridos, Lenharo cita os dois casos mais graves atendidos pela equipe do Gapp. O primeiro foi o do segurança do metrô de SP e ativista, Éber Veloso dos Santos, atingindo na cabeça por um golpe de cassetete desferido por um policial militar, durante a 2ª manifestação realizada pelo MPL (Movimento Passe Livre), no dia 12 de janeiro. "Nós conseguimos estancar o sangramento e levá-lo para ser atendido no hospital". Éber levou seis pontos no Hospital das Clínicas. O segundo caso é do jornalista da TV Drone, Juliano Vieira, que teve queimaduras de 3º grau em uma das pernas ao ser atingido por estilhaços de uma bomba, durante a cobertura do 5º protesto.
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Com atuação em mais de 160 manifestações de rua, o Gapp é formado atualmente por 12 integrantes, de diferentes profissões, mas todos com treinamento específico em primeiros socorros. O grupo segue os procedimentos "Suporte Básico à Vida" e "Atendimento Pré-Hospitalar", prescritos pela American Heart Association (Associação Americana do Coração) e recebe treinamentos da Cruz Vermelha e de outras instituições. "Nós não medicamos. Realizamos os primeiros socorros e encaminhamos as pessoas para atendimento médico nas unidades hospitalares", explica Lenharo.
Criado durante as grandes manifestações iniciadas em junho de 2013, o Gapp tem como princípio não aceitar voluntários que sejam filiados a partidos políticos. Não aceita doações em dinheiro; apenas materiais de primeiros socorros. "Nosso grupo tem gente de direita, de esquerda, mas sem filiação partidária. É preciso que a pessoa entenda que é um trabalho voluntário, sem remuneração e sem qualquer viés. Nosso principal objetivo é ajudar as pessoas".
"Nós não nos reunimos, mas sempre que marcamos uma manifestação, contamos com a presença deles. É um trabalho muito importante, ainda mais com a repressão policial que tem sido constante nas passeatas", diz a porta-voz do MPL, Laura Viana.
Trabalho de risco
No momento, três pessoas estão treinamento para integrar o Gapp. Os recrutas respondem a questionário e devem assinar a carta de princípios do grupo. Depois acompanham a equipe, como observadores, em diversas passeatas. A última etapa é o treinamento em primeiros socorros.