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PM usa bombas para dispersar protesto contra aumento da passagem em SP

Flávio Costa

Do UOL, em São Paulo

12/01/2016 18h22Atualizada em 13/01/2016 11h16

A Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar dezenas de manifestantes reunidos na praça do Ciclista, em São Paulo, para protestar nesta terça-feira (12) contra o aumento da passagem de ônibus, trens e metrô. A manifestação foi convocada pelo MPL (Movimento Passe Livre).

A ação policial se deu após impasse sobre a rota do protesto. Os manifestantes queriam descer a avenida Rebouças rumo ao largo da Batata, em Pinheiros, enquanto a PM determinava que a marcha deveria seguir pela rua da Consolação, rumo ao Centro. Após um empurra-empurra entre manifestantes e PMs, as bombas começaram a ser lançadas.

Ao menos três pessoas ficaram feridas: uma jovem que teria sido atingida por uma bala de borracha e um rapaz que disse ter sido agredido na cabeça por um policial com cassetete. Segundo testemunhas, um fotógrafo também foi ferido na cabeça. O MPL declarou, pelo Twitter, que 25 pessoas feridas foram atendidas no Hospital das Clínicas e outras três na Santa Casa. Não há informações oficiais sobre o número de feridos até o momento.

Segundo a PM, ao menos oito pessoas foram detidas e levadas para o 78º DP (Distrito Policial), nos Jardins, 4ª DP (Consolação) e para 3ª DP (Campos Elíseos).

"Logo no início da manifestação foi conversado com as lideranças do MPL que o traçado seria pela rua Consolação com término na Praça da República, que foi utilizado várias vezes no ano passado", afirmou o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes. De acordo com o secretário, o MPL não informou previamente o trajeto da passeata, que foi decidido pela PM.

O secretário afirmou que o MPL concordou o traçado escolhido, o que foi negado por lideranças da negociação. "Não houve qualquer diálogo da parte do tenente-coronel que comandava a operação. O que houve foi repressão mais uma vez", declarou a porta-voz do MPL, Laura Viana.

Moraes reiterou que a estratégia utilizada pela PM será mantida nas próximas manifestações. "Nós não vamos comunicar previamente à Polícia Militar. O movimento nunca fez isso e não é agora que vai fazer", disse Luíze Tavares, também porta-voz do MPL.

 

Polícia Militar fechou um cerco ao manifestantes

Antes da dispersão com bombas, mais de 100 policiais militares cercavam os manifestantes concentrados na praça, fechando a avenida Paulista na altura da rua Bela Cintra, e impediam que outras pessoas se aproximassem do grupo de manifestantes para engrossar o protesto. Pessoas que estavam com mochilas e mascaradas eram revistadas.

Após a ação com gás lacrimogêneo, manifestantes reagiram espalhando sacos de lixo pelas ruas da região para tentar conter a aproximação policial com motos e carros, que desciam às dezenas em direção ao centro da capital da paulista. Policiais militares jogaram bomba na direção de jornalistas que cobriam a manifestação.

Integrantes da PM perseguiram participantes do protesto pelas ruas Sergipe e Sabará, em Higienópolis, próximas à rua da Consolação, descendo dos veículos e batendo nos manifestantes. Alguns também correram para a região da praça Roosevelt e da Rua Augusta. A estação de metrô Paulista foi fechada.

Às 21h, a Tropa de Choque da Polícia Militar continuava agindo na dispersão e chegaram a região central, em frente ao Teatro Municipal. A estação de metrô da Anhangabaú foi fechada.

Dois detidos antes de dispersão

Mesmo antes de a manifestação deixar a praça do Ciclista, na avenida Paulista, duas pessoas já haviam sido detidas. Uma delas, segundo a PM, estava com uma corrente e uma tesoura na mochila. Os nomes não foram divulgados.

Os detidos foram acompanhados por duas advogadas ligadas ao MPL. No Twitter, a Polícia Militar de São Paulo publicou uma foto da corrente e da tesoura que seriam de um dos detidos.

Segundo o porta-voz do MPL, Vitor dos Santos, o movimento já planeja novas manifestações para esta quinta (14) no Largo da Batata, em Pinheiros, e no bairro de Santo Amaro. "Nossa ideia é pulverizar os protestos", disse. 

No último sábado (9), o preço da passagem de ônibus, trem e metrô em São Paulo subiu para R$ 3,80, contra o valor anterior de R$ 3,50. Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, 25 cidades já anunciaram aumentos nas tarifas de ônibus e metrôs para este ano, com índices médios que variam de 8% a 13%.