Vento é o vilão da falta de luz, diz Eletropaulo
A rotina se repete em São Paulo. Se chove ou venta, logo falta energia, e moradores e empresas têm prejuízos. A AES Eletropaulo culpa o vento e diz que não há remédio contra árvore caída.
Nesta segunda-feira (15), houve alagamentos em bairros da zona sul e leste da capital paulista - as ruas Funchal e Olimpíadas ficaram com água na altura dos joelhos dos pedestres, assim como nos centros das cidades de São Bernardo do Campo e Mauá (Região do ABC, na Grande São Paulo).
O fornecimento de energia elétrica também foi interrompido em vários bairros de São Bernardo e da zona sul de São Paulo, como o Ipiranga, o Cambuci e algumas partes de Interlagos. De acordo com a AES Eletropaulo, equipes foram acionadas para restabelecer o fornecimento de energia no bairro de Sapopemba, na zona leste da capital paulista, onde árvores caíram sobre a fiação.
“O que judia da gente não é a chuva, é o vento. Se cair água na vertical sem vento, não acontece nada. Se dá um vento de 60 km/h, 70 km/h, faz estrago”, explica o diretor comercial da Eletropaulo, Rogério Jorge.
De acordo com ele, 2.000 árvores caem por ano sobre a rede elétrica na área de concessão da distribuidora.
“Contra árvore caída, não tem rede nova nem rede velha. Não tem rede bem mantida nem rede mal mantida. Ela vai levar no peito o que tiver pela frente”, diz o vice-presidente de Operações da distribuidora, Sidney Simonaggio.
“Quando venta, a árvore chacoalha ou cai. Não tem remédio para árvore caída. Se ela cair, pode levar até oito horas para chegar o caminhão com o poste novo”, completa Jorge.
Em alguns casos o conserto leva ainda mais tempo. “Não é o nosso padrão, mas existem circunstâncias em que para se tirar uma árvore leva dois dias”, afirma Simonaggio.
As dificuldades têm obrigado a empresa a aumentar indenizações pagas aos clientes prejudicados com as interrupções.
Para minimizar os problemas, Simonaggio diz que a AES Eletropaulo vem tomando medidas como o aumento das podas de árvores e o reforço da equipe de funcionários. “Estamos atuando nas duas frentes: reduzir o número de ocorrências [podando árvores] e aumentar a velocidade de resposta [para consertar a rede]”.
Segundo o vice-presidente, a distribuidora fez 400 mil podas de árvores ao longo de 2015. A partir de 2016, ele afirma que a meta é realizar 500 mil podas por ano. Com a Prefeitura de São Paulo, a empresa mantém um convênio para aparar as árvores.
Para restabelecer o fornecimento de energia com maior rapidez, Simonaggio diz que a Eletropaulo está aumentando de 320 para 540 o número de equipes encarregadas de fazer atendimentos de emergência.
Ampliação da rede subterrânea é sonho distante
A AES Eletropaulo distribui energia elétrica para 6,9 milhões de unidades consumidoras em 24 municípios da Grande São Paulo que abrangem uma área de 4.526 km². O número de pessoas atendidas chega a 20,1 milhões.
A rede elétrica na área de concessão tem 21 mil quilômetros. A maior parte -- 18 mil quilômetros -- é aérea, formada por postes e mais suscetível a interrupções em função da queda de árvores.
Na rede aérea, há dois tipos de padrões. O mais novo tem cabos encapados e postes com um formato mais resistente, mas ele responde por somente 13% da rede, segundo Simonaggio.
Nos próximos dois anos, a empresa deve instalar o novo padrão em uma extensão equivalente a 1,5% da rede. Ou seja, o padrão antigo permanecerá majoritário. E mesmo o novo padrão não é uma garantia contra interrupções. “Esse padrão suporta um pouco mais a interferência da árvore, mas não é irresistível”, admite o vice-presidente de Operações da empresa.
Apesar de ser mais segura, a rede subterrânea não se configura como alternativa viável para melhorar a qualidade do serviço e impedir grandes quantidades de interrupções, segundo os dirigentes da AES Eletropaulo. O motivo é o preço.
“A rede subterrânea custa 16 vezes mais que a rede aérea. O que acontece se tudo virar subterrâneo? O preço da energia sobe de duas a três vezes. A rede subterrânea é uma exceção mundial, não é regra. Ela é tão cara que não se constitui em uma regra mundial”, explica Simonaggio.
Em 2015, a Justiça suspendeu uma proposta da Prefeitura de São Paulo de enterramento de 250 km de fios, alegando que a administração municipal não pode legislar sobre concessões federais, como é o caso do setor elétrico.
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