Sem verba até para papel, Polícia Civil do Rio oficializa "vaquinha" em edital
Sem verba até para comprar água, papel higiênico e mesmo tinta para impressão de boletins de ocorrência, a Polícia Civil do Rio de Janeiro decidiu institucionalizar a “vaquinha” e lançou nesta semana um edital para que a sociedade civil possa fazer doações à instituição.
Informalmente, várias delegacias já estavam recebendo insumos de moradores -- na 9ª DP (Catete), moradores da região doaram papel higiênico para ajudar policiais. O local já havia sido fechado pela Vigilância Sanitária por falta de condições de trabalho. Na Delegacia Especial de Atendimento ao Turista, no Leblon, comerciantes se reuniram para trocar lâmpadas e cortar o gramado em frente à unidade.
O programa, batizado de “Juntos com a polícia”, cita o “atual cenário de contingenciamento vivenciado diante da crise do Estado” e prevê a formalização de contratos, cuja duração pode se estender por até dois anos - prorrogáveis por mais dois anos - entre a instituição e o empresariado. De acordo com o edital, “quem contribuir para o programa não receberá qualquer tipo de contrapartida”.
“Através deste programa, tornar-se-á mais fácil para empresas realizar doações para a Instituição, podendo citar como exemplo a doação de suprimentos de escritório, informática, materiais de higiene e limpeza. Também será possível a prestação de serviços, como a realização de pequenos reparos nas instalações das delegacias, coleta de lixo comum ou especial, dentre outros”, informou, em nota, a Polícia Civil.
No início de outubro, durante uma entrevista, o então chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, admitiu que muitas unidades não tinham sequer papel para que as ocorrências pudessem ser registradas.
Em junho o delegado Ronaldo Oliveira, chefe das Delegacias Especializadas, reclamou da impossibilidade de usar helicóptero na perseguição ao traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, conhecido como Fat Familiy. A aeronave teve a manutenção cortada, sendo impedida de voar.
Algumas viaturas também estão paradas por falta de manutenção e combustível. Dos seis blindados da Polícia Civil, apenas três ainda funcionam. A outra metade não tem mecânico para reparos.
Durante as Olimpíadas, um grupo de policiais civis se organizou para receber os turistas que chegavam à cidade pelo aeroporto internacional do Galeão, na Ilha do Governador, com uma faixa com os dizeres, inglês: "Bem-vindo ao inferno. Policiais e bombeiros não são pagos. Qualquer pessoa que vier para o Rio não estará segura".
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