Famílias esperam decisão sobre perícia para enterrar vítimas de chacina em SP
Marcos Sergio Silva
Colaboração para o UOL, em São Paulo
09/11/2016 22h12
As famílias de quatro dos cinco jovens encontrados mortos no domingo (6) em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo) esperam a decisão da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo sobre o pedido de uma perícia independente dos corpos para poderem enterrá-los. Até esta quarta-feira (9), quatro dos cinco corpos haviam sido identificados no IML (Instituto Médico Legal) Central, na região central de São Paulo.
É a segunda tentativa de uma perícia paralela à feita pelo IML. Desta vez, o ofício foi expedido pelo Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), órgão da Secretaria de Segurança Pública do Estado. A petição é para incluir quatro profissionais que participaram da identificação das ossadas de vítimas da ditadura militar enterradas no cemitério Dom Bosco, em Perus (zona norte de São Paulo).
Na terça-feira (8), o governo do Estado recusou o mesmo pedido, feito pela Secretaria dos Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, da gestão Haddad (PT) – o Estado disse que “as perícias estão sendo feitas normalmente” e que o pedido somente será analisado “se for apresentada alguma alegação que coloque sob suspeição” a ação dos peritos oficiais.
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O pedido foi feito baseado na suspeita de os jovens terem sido executados por policiais militares. Na terça (8), em um sítio a 3 quilômetros do local da desova dos cadáveres que pertence a um PM, foram encontrados cápsulas de calibre .40, de uso exclusivo da corporação, e cal – os corpos foram encontrados em uma cova rasa, cobertos pelo material.
A admissão do pedido, segundo o vice-presidente do Condepe, Luiz Carlos dos Santos, 43, evitaria exumações dos cadáveres para eventuais novas perícias. Ele defende a perícia independente para que não haja dúvida sobre o tratamento recebido pelas vítimas.
As famílias não puderam participar do reconhecimento presencial dos corpos. Elas planejam velório e enterro conjuntos dos corpos, assim que a decisão for tomada pelo Estado e todos os corpos estiverem liberados. Com os cadáveres em estado avançado de decomposição, eles devem ser velados em caixão lacrado. O enterro deve acontecer no cemitério de Vila Alpina (zona leste de São Paulo).
Na terça (8), o secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, disse ser “prematuro” relacionar as mortes à polícia. Ele disse existir outras duas linhas de investigação, sem dizer quais seriam.