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Advogada de Elize chama promotor de "machista"; ele devolve: "chata"

MARCELO GONCALVES/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MARCELO GONCALVES/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

04/12/2016 16h49Atualizada em 04/12/2016 16h55

Uma troca de farpas entre acusação e defesa esquentou o clima no júri de Elize Matsunaga, 35, neste domingo (4), no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste de São Paulo). A ré começou a ser interrogada às 10h20 --primeiramente pelo juiz, Ajdílson Paukoski Simoni, depois pelos advogados de defesa e, finalmente, pelos sete jurados. O interrogatório terminou às 16h15.

Elize responde pelo assassinato e esquartejamento do marido, Marcos Matsunaga, em maio de 2012.

A discussão no júri, em tom ríspido, aconteceu quando uma das advogadas de Elize, Roselle Soglio, pediu que Elize apontasse no telão, com auxílio de um laser, o caminho feito no apartamento em que vivia com o marido após atirar contra ele. O telão, com as imagens da planta da residência, fica na parede imediatamente atrás de onde se sentam os membros da acusação –o promotor, José Carlos Cosenzo, o assistente dele, o advogado Luiz Flávio D'Urso, e duas auxiliares.

Cosenzo estava de pé enquanto a ré apresentava o trajeto. A advogada pediu a ele que se sentasse para não prejudicar a visão dos jurados, mas o promotor se irritou.

"Acho que o senhor é capaz de fazer uma gentileza pelo menos uma vez esta semana", declarou a advogada.

"Gentileza é uma palavra que a senhora não conhece", respondeu Cosenzo.

"O senhor é machista, já demonstrou neste plenário que é machista", devolveu a advogada.

O promotor revidou: "Porque eu chamei a senhora de chata não quer dizer que eu sou machista. Disse isso apenas à senhora neste plenário".

Houve reação na plateia.

Sentença deve sair de madrugada

As perguntas da defesa se encerraram às 15h30 e, durante os 45 minutos seguintes, Elize respondeu às perguntas dos jurados.

O juiz suspendeu a sessão por 15 minutos e, em seguida, os trabalhos foram retomados com debates entre acusação e defesa. Serão três horas para ambas as partes, ao todo, mais duas horas, ao todo, de réplica e tréplica.

A estimativa é que a sentença saia na madrugada desta segunda-feira (5).

"Eu não queria matar o Marcos"

Mais cedo, Elize afirmou, em resposta ao juiz, que matou o marido durante uma briga. Ela alegou estar submetida a "um turbilhão de emoções". Ele foi morto e esquartejado por Elize no duplex do casal em maio de 2012.

"Eu não queria matar o Marcos, jamais fiz com crueldade. E se eu estiver mentindo, que Deus me castigue da pior forma possível", afirmou.

"Isso [o uso de meio cruel, ou seja, o esquartejamento da vítima enquanto ainda vivo] não aconteceu. Sinto muito pela minha sogra e por todas as pessoas que eu machuquei com esse ato infeliz da minha parte. Minha filha foi o presente mais maravilhoso que Deus me deu, queria pedir perdão para ela", disse a ré, ao final das perguntas feitas pelo juiz.

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