"Se eu estiver mentindo, que Deus me castigue da pior forma", diz Elize
A bacharel em direito Elize Matsunaga, 35, afirmou neste domingo (4) no júri popular a que ela é submetida, há sete dias, que matou o marido, Marcos Matsunaga, “em um turbilhão de emoções”.
Ele foi morto e esquartejado por Elize no dúplex do casal em maio de 2012. Uma das últimas etapas do julgamento, que entrou hoje no sétimo dia no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste de São Paulo), o interrogatório de Elize teve início às 10h20.
“Eu não queria matar o Marcos, jamais fiz com crueldade. E se eu estiver mentindo, que Deus me castigue da pior forma possível”, afirmou Elize. “Isso [o uso de meio cruel, ou seja, o esquartejamento da vítima enquanto ainda vivo] não aconteceu. Sinto muito pela minha sogra e por todas as pessoas que eu machuquei com esse ato infeliz da minha parte. Minha filha foi o presente mais maravilhoso que Deus me deu, queria pedir perdão para ela”, disse Elize, ao final das perguntas feitas pelo juiz, Adílson Paukoski Simoni.
Elize respondeu durante duas horas e 20 minutos às perguntas formuladas pelo juiz, que repreendeu a ré quando, logo no início do interrogatório, quando ela chorou ao dizer que o marido “era outra pessoa” nos últimos seis meses finais de relacionamento em comparação a quando o conheceu, no final de 2004. Simoni pediu a ela que se manifestasse seguindo a ordem cronológica das perguntas e, em mais de uma ocasião, determinou que ela o respondesse apenas depois de ele inquiri-la –ainda que o próprio magistrado interrompesse as respostas da ré em mais de uma ocasião.
A ré afirmou que atirou no marido durante uma discussão. Ela disse ter consultado uma advogada de família em fevereiro de 2012 para se orientar sobre uma eventual separação, já que desconfiava, desde após o nascimento da filha, em abril de 2011, que Matsunaga a traía. Ela relatou que havia descoberto uma primeira traição do marido, em 2010, mas que ele havia pedido perdão a ela. A advogada a aconselhou a obter provas de que ele a traía, em 2012, a fim de que pudesse entrar na Justiça com um pedido de separação de corpos.
“Eu estava em um turbilhão de emoções: mágoa, raiva, porque ele falou da minha família, e aliviada –porque cada vez que eu falava que ele tinha outra pessoa [uma amante], ele dizia que eu estava louca”, afirmou.
O alívio relatado por ela se deveu à descoberta, feita por um detetive contratado três dias antes do crime, de que Matsunaga a traía com outra. No jantar do dia do crime, afirmou, ela não seguiu a orientação da advogada de não tocar no assunto do detetive com o marido. Ao saber por Elize que ela descobrira assim a traição, segundo a ré, Matsunaga a insultou, chamando-a de “vagabunda” e “vaca” e dizendo que a mandaria de volta ao interior do Paraná, ficando ele com a filha do casal.
Ela relatou ter levado um tapa do marido e disse que se sentiu ameaçada, já que ele caminhava em direção a ela, e, fisicamente, era mais forte. “Só deu um tapa?”, quis saber o juiz, com burburinho na plateia. Instantes antes, o magistrado quisera saber de Elize: “Só porque ele a estava traindo, a senhora queria se separar dele?”
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