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Em missa, padre pede paz na despedida de vítimas de chacina em Campinas (SP)

Wagner Souza/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Wagner Souza/Futura Press/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia

Do UOL, em Campinas (SP)

02/01/2017 08h29Atualizada em 02/01/2017 21h37

Os corpos de doze pessoas --sete de uma mesma família-- estão sendo velados na capela do Cemitério Municipal da Saudade, em Campinas (interior de São Paulo), na manhã desta segunda-feira (2). As vítimas da chacina ocorrida na noite de Réveillon estão sendo sepultadas de duas em duas.

A mãe, Isamara Filier, 41, e o filho, João Victor Filier de Araújo, 8, velados juntos, serão os últimos. O clima entre amigos e familiares é de consternação.

Em cerimônia religiosa no começo da manhã, o padre Eduardo Meschiatti, 53, pediu paz, apesar da tristeza e da dor: "O propósito da paz é este: somos a paz e precisamos ser construtores da paz", disse. "Não é tão simples, é dolorido. Mas precisamos cultivar a paz nas nossas relações."

velório chacina campinas - Eduardo Anizelli/Folhapress - Eduardo Anizelli/Folhapress
Familiares e amigos em velório das vitimas no Cemitério da Saudade
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Meschiatti reforçou, após a missa, que "todos merecem a misericórdia". "Deus é pai de todos. Não sei os motivos de quem fez o que fez, se são justos ou não, mas a Igreja sempre vai falar em misericórdia", afirmou. Indagado se já havia rezado uma missa como a da atual circunstância, o religioso resumiu: "Toda vez é difícil, mas hoje isso se multiplica, não tem jeito. É uma dor coletiva."

O crime foi praticado pelo técnico em laboratório Sidnei Ramis de Araújo, 46, que matou a ex-mulher e o filho de oito anos e mais dez pessoas que festejavam a virada do ano. Ele se matou em seguida com um tiro na cabeça.

O autor da chacina foi sepultado em Jaguariúna, também agora de manhã. O pai dele, Arnaldo Araújo, 74, disse que o filho, que trabalhava como técnico de laboratório, era tímido e muito retraído. "Ele sempre foi assim. Ninguém sabia pelo o que ele estava passando."

Sobrevivente teve que reconhecer a mãe

Um estudante de 17 anos sobrevivente da chacina de 12 pessoas em Campinas, na noite de réveillon, participou do reconhecimento dos corpos das vítimas -- entre as quais a mãe dele, Liliane Ferreira Donato, 44. O marido dela está hospitalizado. O filho escapou porque se trancou em um banheiro, com um amigo, quando ouviu os tiros.

A informação é da diretora do colégio católico onde Liliane era responsável pelo setor de eventos. Ela não quis se identificar.