Polícia de SP quer saber se espancadores de ambulante já eram agressivos
A Delpom (Delegacia do Metropolitano) vai ouvir esta semana familiares dos assassinos confessos do ambulante Luiz Carlos Ruas, morto na estação de metrô Pedro 2º, na noite do último Natal.
Alípio Rogério dos Santos, 26, e Ricardo do Nascimento, 21, estão presos desde a semana passada no 77º DP (Distrito Policial), na Santa Cecília, depois de serem reconhecidos por meio das imagens das câmeras de vigilância da estação. Eles estão isolados, sem poder receber visitas de familiares, e confessaram ter espancado o vendedor de 54 anos, até a morte, mas alegaram ter reagido a uma suposta garrafada desferida por Ruas contra Santos.
De acordo com o delegado titular da Delpom, Rogério Marques, a investigação quer saber dos parentes mais próximos dos dois jovens se eles tinham histórico de agressividade –uma vez que a vítima, segundo outras testemunhas ouvidas no inquérito, tentou evitar um ataque dos dois rapazes a uma travesti moradora de rua da região da estação de metrô --ou se de fato teriam agido para se defender. Se constatada a primeira hipótese, por exemplo, isso pode ser usado contra eles, na denúncia, nas qualificadoras do crime de homicídio --com consequente aumento da pena, em caso de condenação.
Outra testemunha que será ouvida pelo delegado é uma vizinha de Santos. Ela mora na vila de casas onde o rapaz vivia com a família, no bairro do Cambuci (região central de SP), e registrou boletim de ocorrência contra Santos, no domingo em que ele atacou o ambulante, no qual acusou o rapaz de tentar agredi-la. Ele ainda quebrou a porta da casa da mulher, segundo o B.O. registrado na ocasião –quando as partes, porém, acabaram todas dispensadas na delegacia,
“Vamos ouvir vizinhos e parentes próximos, como pais, para ver se os presos eram agressivos antes da conduta com o ambulante e a travesti. O inquérito deve ser finalizado em 20 dias”, afirmou o delegado. Ele disse ainda que outras imagens de vídeo, do lado de fora da estação de metrô, foram encaminhadas para perícia no Instituto de Criminalística.
Semana passada, um ex-patrão de Santos que contratara o rapaz para serviços de segurança contou ao UOL que ele já havia dado demonstrações de agressividade contra meninos em atitude suspeita.
"Eu pagava a ele R$ 400 por semana para ficar aqui das 19 às 23h, mas ele arrumou outro emprego na cidade e começou a faltar muito. Vinha dia sim, dia não, aí não vingou. Às vezes, ele ficava agressivo, meio que fazendo tempestade em copo d'água, sem necessidade, com uns moleques que achava que representavam algum risco. Ameaçava bater neles sem motivo", relatou. "Mas ele sempre nos tratou, no comércio, sempre muito bem", completou.
Prisão preventiva
Indagado sobre a conversão da prisão temporária (com prazo definido) dos dois jovens em prisão preventiva (de prazo indeterminado), o delegado afirmou que isso só será pedido quando o inquérito for encerrado. Até lá, eles ficarão presos no 77ºDP.
Santos e Nascimento foram indiciados pelos crimes de homicídio qualificado e lesão corporal.
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