"Solteiro, mas casado": 18 casais participam de divórcio coletivo às vésperas do Carnaval no Rio
Vivian Fabrício, 28, e Leandro da Silva, 31, se conheceram no colégio e casaram na véspera de Natal. Nove anos depois, se divorciaram três dias antes do Carnaval.
Junto com outros 17 casais, eles participaram do “divórcio coletivo”. O evento foi promovido pela primeira vez nesta quarta-feira (22) pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro em parceria com a Anoreg (Associação dos Notários e Registradores do Estado). Eram 19, mas, conta uma defensora, “um casal acabou desistindo ao ver os documentos e perceber que a separação seria real”.
Ao todo, Vivian e Leandro passaram cinco anos juntos e outros quatro separados. Ela diz que cansou de dizer aos pretendes que era “solteira, mas casada”. Com uma filha de 2 anos do novo namorado, acabou deixando de lado o divórcio oficial.
Apesar de separados, os dois seguem amigos e vizinhos – Vivian mora no terreno dos fundos do ex. Volta e meia, contam, alguém perguntava o motivo de seguirem juntos no papel, se “ainda havia algum sentimento”. “Era caro, era demorado e a gente sempre se deu bem”, diz ela. “Uma vez pesquisei, seriam R$ 700, R$ 800 só de cartório. Pensei: ‘Deixa como está que ninguém incomoda ninguém’”, completa Leandro.
Entre falar com a defensora e a assinar os papéis, não levaram mais de dois minutos. Esperavam a formalização do divórcio – todos, segundo a Defensoria, deixam o local hoje com o documento em mãos, para sentar e comemorar o novo fim/começo. “Cerveja eu não gosto muito, mas a gente deve sentar e tomar uma caipirinha”, diz Vivian.
Enquanto os dois colocavam a conversa em dia, animados, Maiara Gonçalves, 21, esperava a sua vez no fundo da sala ao lado da mãe, Miranilda, 59. Estudante de jornalismo, ela diz que já fazia um ano que tentava resolver a situação.
Ela casou aos 17, com autorização dos pais, com o então namorado, que frequentava a mesma igreja. A relação durou um ano e meio. “Somos evangélicos, o pastor insistiu, mas nós tínhamos personalidades muito diferentes”, conta.
Miranilda acha que ela poderia ter tentando mais tempo, mas considera que a filha aprendeu uma lição. “Foi um aprendizado para os dois e ao menos ela não passou pelo o que passei”, diz, ao lembrar que o marido a deixou quando estava grávida de Maiara.
Algumas fileiras a frente o ex, Anderson Figueiredo, 24, passou o tempo todo no celular. Esperava para assinar os papéis para então ligar para a namorada ir buscá-lo. “Não deu certo, mas a vida continua.”
Com a iniciativa, a ideia da Defensoria é que os divórcios coletivos extrajudiciais sejam realizados uma vez ao mês na capital fluminense, reunindo todos os casais que procuram o serviço e, assim, “agilizar e evitar que as ações acabem virando processos e travando ainda mais o judiciário”, segundo a assessoria. Se der certo, a ideia é expandir o modelo para outras cidades do Estado.
Para participar dos próximos mutirões os casais precisam estar de acordo sobre a separação e não ter filhos menores ou incapazes. As partes também devem possuir, no máximo, um bem a partilhar e devem ser capazes de se sustentar sozinhas.
O procedimento é realizado sem custos, sendo preciso apenas buscar o Núcleo Família de primeiro atendimento da Defensoria Pública mais próxima da residência dos interessados.
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