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Dono de restaurante inova e usa poesia para rebater crítica preconceituosa na web

Dono de restaurante resolveu rebater preconceito de uma maneira diferente: com poesia - Divulgação/Facebook
Dono de restaurante resolveu rebater preconceito de uma maneira diferente: com poesia Imagem: Divulgação/Facebook

Matheus Collaço

Colaboração para o UOL

04/09/2017 15h53

Qual a melhor maneira de responder a um comentário preconceituoso? Após receber uma avaliação negativa de um cliente insatisfeito, com uma mensagem de teor pejorativo contra o Nordeste, o sócio de uma franquia de restaurantes especializados em comida nordestina resolveu rebater o ódio de uma maneira diferente: com poesia.

Com o título "Só pode ser nordestino", o usuário escreveu na web a seguinte crítica: “Péssimo. Parece bom, mas os ingredientes não são frescos. Outro detalhe foi o atendimento muito demorado (mais de 45 minutos para um prato de 2 pessoas). Também quando veio a conta estava errado”.

Com o título "Só pode ser nordestino", cliente criticou restaurante na Internet - Reprodução - Reprodução
Com o título "Só pode ser nordestino", cliente criticou restaurante na Internet
Imagem: Reprodução

“Já passamos por situações parecidas, em que clientes agem de maneira preconceituosa, uma ou duas vezes dentro do restaurante, mas nada que chamasse tanta atenção”, contou Thales Osterne, um dos proprietários do Coco Bambu na cidade de Campinas, no interior de São Paulo, em entrevista ao UOL.

Foi ele o responsável por responder ao comentário recebido, algo que afirmou que o restaurante sempre procura fazer para não deixar nenhum cliente, satisfeito ou insatisfeito, sem resposta. Além disso, ele revelou que, de início, não soube como reagir ao ataque feito pelo usuário, mas que não poderia retribuir na mesma moeda.

“Em um primeiro momento, fiquei sem reação, sem saber o que fazer após ver um comentário tão preconceituoso. Sempre tentamos tratar nossos clientes da melhor forma possível, e não seria diferente desta vez. Eu penso assim: uma vez que a pessoa te agride, talvez ela esteja passando por um momento ruim na vida. Neste caso, ficou bem claro que quem tem algum problema é ela. Então, foi uma forma sutil de mostrar que isso é um crime”, afirmou Osterne.

Sobre a sequência do caso, ele afirmou que não pretende tomar nenhuma atitude legal contra o cliente. O empresário agradece apenas pelo apoio recebido, não só de pessoas de outras filiais do Coco Bambu, mas também nas redes sociais.

“Logo depois que publiquei a resposta, dei o caso por encerrado. Para mim, o mais importante é que a gente siga em frente e mostre aos nossos colaboradores, que vêm das mais diversas partes do Brasil, que nós somos orgulhosos de ter tanta gente diferente trabalhando aqui. Mostramos que a empresa está ali, junto com eles”, finalizou.

Trecho da poesia ‘Sou Cabra da Peste’, de Patativa do Assaré, usado na resposta:

Eu sou de uma terra que o povo padece Mas nunca esmorece, procura vencê,

Da terra adorada, que a bela caboca

De riso na boca zomba no sofrê.

Não nego meu sangue, não nego meu nome,

Olho para fome e pergunto: o que há?

Eu sou brasilêro fio do Nordeste,

Sou cabra da peste, sou do Ceará.