Rio: 300 PMs caçam suspeitos de matar comandante de batalhão; 'atentado à democracia', diz Sá
Hanrrikson de Andrade e Silvia Ribeiro
Do UOL, no Rio
26/10/2017 18h05
A Polícia Militar do Rio de Janeiro realiza uma ação ostensiva para identificar, localizar e prender os envolvidos no assassinato do comandante do 3º BPM (Méier), tenente-coronel Luiz Gustavo de Lima Teixeira, 48. Após a morte do oficial, na tarde desta quinta-feira (26), foram mobilizados cinco batalhões e 300 PMs em operações na região do Méier e favelas do Complexo do Lins, na zona norte da capital fluminense.
A autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, via importante de conexão entre as zonas norte e oeste da cidade, foi fechada devido ao risco de tiroteios. Por conta da operação, pais de alunos decidiram buscar seus filhos mais cedo em escolas e creches da prefeitura situadas na região, segundo informou a Secretaria Municipal de Educação.
As UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) locais, com bases no Lins e nas comunidades Camarista-Méier e São João, também participam da ação. Além disso, homens do BPGE (Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos) e do BPVE (Batalhão de Policiamento em Vias Expressas) atuam em pontos de intervenção nos acessos da linha Amarela.
Veja também
Teixeira morreu na tarde de hoje após ter sido vítima de um ataque a tiros, na rua Hermengarda, no Méier, na zona norte carioca. A Divisão de Homicídios da Polícia Civil investiga o crime, que, segundo informações preliminares, pode ter ocorrido durante uma tentativa de arrastão na via. A hipótese de homicídio planejado também é considerada.
O secretário de Estado de Segurança Pública do RJ, Roberto Sá, afirmou que o assassinato é um "atentado à democracia". "O policial representa o Estado e está ali por vocação em defesa da sociedade. Não vamos descansar até colocar as mãos nesses criminosos."
O oficial é o 111º policial morto no Estado somente neste ano. "Não podemos aceitar a morte de policiais como algo normal", afirmou o comandante-geral da corporação, coronel Wolney Dias.
Dias disse ter solicitado ao secretário Roberto Sá uma reunião com o ministro da Justiça, Torquato Jardim. O objetivo é pedir o reforço das Forças Armadas na região do Complexo do Lins. "Já pedi ao secretário uma reunião com o MJ para um novo apoio de efetivo das Forças Armadas."
O veículo no qual Teixeira estava, descaracterizado e conduzido por um outro PM, foi atingido por ao menos 17 tiros. O motorista também foi baleado e sobreviveu.
Um vídeo gravado após o crime mostra policiais socorrendo o comandante. As imagens mostram colegas puxando o corpo do oficial e o colocando dentro de um carro da PM. Em seguida, Teixeira chegou a ser levado para o centro cirúrgico do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu aos ferimentos.
O comandante estava na corporação há 26 anos e era pai de dois filhos. Ele esteve à frente do batalhão por um ano e seis meses.
Entre 2011 e 2014, o oficial trabalhou na Secretaria de Estado de Segurança Pública. A pasta informou que ele foi "fundamental na construção, criação de normas e gestão do CICC", em referência ao Centro Integrado de Comando e Controle, situado na região central da capital fluminense.
A secretaria disse ainda que não medirá esforços para prender os envolvidos. "Todos esforços estão sendo feitos para que os responsáveis por essa afronta ao Estado e à sociedade não fiquem impunes e sejam punidos."
O governador do RJ, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em nota, disse considerar "inaceitável" e "lamentar profundamente a morte trágica" do comandante do 3º BPM. "Solidarizo-me com a família e todos os policiais militares do Estado, especialmente aqueles sob o seu comando. Não vamos descansar enquanto os responsáveis por esse crime hediondo não estiverem nas mãos da Justiça."
O enterro do tenente-coronel foi marcado para esta sexta-feira (27), às 16h30, na capela 2 do cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona oeste.
Outro PM morto
O comando do 41º BPM (Irajá) informou que um outro policial militar, cuja identidade não foi divulgada, morreu nesta quinta-feira. Ele estava de folga e reagiu a uma tentativa de roubo em uma joalheria do Shopping Jardim Guadalupe, em Guadalupe, na zona norte da cidade. Com isso, subiu para 112 o número de PMs assassinados no Rio neste ano.
Segundo a corporação, a vítima foi alvejada durante a ação e, posteriormente, levada para o hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Um colega de farda que estava com ele também foi baleado, mas sobreviveu.