Violência não afasta turistas e Rio já contabiliza recorde no Carnaval
![4.fev.2018 - Bloco Chora me Liga atraiu milhares de foliões no Aterro do Flamengo - Fernando Maia/Riotur](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/6e/2018/02/09/4fev2018---bloco-chora-me-liga-no-aterro-do-flamengo-1518196734286_615x470.jpg)
Desde o final de julho, o Rio de Janeiro conta com a presença de cerca de 10 mil homens das Forças Armadas, convocados após aumento da criminalidade. Apesar de a violência não ter dado trégua, sobretudo na zona norte carioca e região metropolitana do Rio, os recentes episódios envolvendo confrontos entre traficantes e policiais nas maiores comunidades com UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) não afastaram os turistas do Carnaval.
A rede hoteleira já contabiliza novo recorde na ocupação de quartos da cidade e a Riour, órgão municipal de turismo, estima a chegada de 1,5 milhão de turistas --400 mil a mais do que no ano passado. Se confirmada a previsão, o Rio de Janeiro terá um novo recorde de turistas no Carnaval.
O Rio já contava, na quinta-feira (8), com média de 86% de ocupação, índice que superou a expectativa inicial do setor que era de 85%, segundo a ABIH-RJ (Associação de Hotéis do Rio de Janeiro). A média em 2017 foi de 78% e, agora, a previsão é de que 90% das acomodações sejam vendidas para o período do Carnaval.
Para Alfredo Lopes, presidente da entidade, a violência não é um fator predominante para afastar os turistas da capital fluminense.
“É um conjunto de fatores que justifica esse número. Muita gente deixou de viajar ao exterior por conta da crise; o Rio ganhou uma série de atrações como o AquaRio e o Museu do Amanhã e a cidade não é uma das mais violentas. O turista que vem de outras grandes cidades já está acostumado com episódios de violência”, avaliou.
No Réveillon, os números também foram recordes, com ocupação de 98% da rede hoteleira. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas divulgado em janeiro mostrou que o total de turistas no fim do ano cresceu 11,4% em relação a 2017. O evento gerou R$ 1,94 bilhão para a economia do município.
Com duração de mais de 10 horas de festa, o Ano-Novo na praia de Copacabana, na zona sul, teve público recorde, segundo a Riotur: 2,4 milhões de pessoas.
A festa atraiu 707 mil turistas --614 mil brasileiros e 93 mil estrangeiros. O evento gerou R$ 1,94 bilhão para a economia do município.
Violência não afeta planos, diz turista de MG
A mineira Elisângela Arregui, 28, conta que o noticiário sobre a crise de segurança no Rio não afetou o planejamento da viagem. Para ela, o preço mais em conta das acomodações na cidade foi decisivo na escolha do Rio para passar o Carnaval.
“A gente tem acompanhado a situação do Rio, mas era um desejo antigo vir pra cá e nunca dava. Esse ano a gente percebeu que os preços dos hotéis caíram bastante e nem pensamos duas vezes. Acredito que tomando alguns cuidados, a gente não vai ter problemas’’, conta a moradora de Belo Horizonte, que viajou para o Rio na companhia do namorado.
A empresária paulista Fabiana Auadis, 30, disse que os pais ficaram preocupados quando souberam que ela viajaria para o Rio.
“Meus pais não gostaram muito. Estão preocupados. Ligam todo dia. Mas acho que a violência não pega muito a área onde estamos [zona sul]. Acho que aqui a gente deve prestar mais atenção com pequenos delitos como roubo e furto. Estou otimista”, conta ela, que chegou ao Rio nesta semana.
Para o presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), Carlos Palmeira, o aumento da criminalidade também não foi suficiente para interferir no turismo.
Ele destaca que o Rio está entre os cincos destinos mais procurados do país e que a segurança também é um desafio para cidades do exterior que convivem, por exemplo, com o fantasma do terrorismo.
“As questões infraestruturais, em que se inclui a segurança, são sem dúvida um desafio para o Rio de Janeiro, mas essa é uma realidade que não se difere de outros grandes destinos turísticos mundiais, como Paris ou Nova York. O Rio de Janeiro sediou uma Copa do Mundo e uma Olimpíada sem grandes incidentes, o que demonstra que a cidade tem um bom poder de reação e de superação”, destacou o presidente da Abav.
Efetivo da PM se concentrará em bairros turísticos
Segundo a Polícia Militar, o esquema de segurança especial que funcionará até a próxima quarta-feira (14) no Rio contará com 17 mil PMs de prontidão.
A maioria do efetivo será empregada na zona sul e na região do Sambódromo, no centro.
Somente a região da Marquês de Sapucaí e do Terreirão do Samba contará com quase 800 PMs. Já os desfiles dos nove maiores blocos serão acompanhados por 2.130 agentes, que farão policiamento a pé. Os demais blocos serão policiados pelo restante do contingente. Mais de 400 desfiles tomarão as ruas da cidade até a Quarta-feira de Cinzas.
A PM informou que o esquema para o Carnaval não interfere nas atividades de rotina nem no reforço do policiamento na Rocinha, comunidade da zona sul que tem sofrido com confrontos frequentes desde setembro.
O prefeito Marcelo Crivella (PRB) chegou a solicitar o uso das Forças Armadas durante o Carnaval. No entanto, o pedido foi negado pelo Ministério da Defesa. A iniciativa também não teve o apoio do governador Luiz Fernando Pezão (MDB). “Sempre fizemos o Carnaval com os nossos policiais”, destacou Pezão na ocasião.
Apesar de recorde, Rio terá menos estrangeiros
A expectativa da Riotur é de que a cidade receba 1,5 milhão de turistas neste Carnaval. No entanto, levantamento da ABIH mostra que, apesar dos números otimistas, a quantidade de turistas estrangeiros caiu 12% ante o ano passado. Para a entidade, a queda ocorreu devido à falta de investimentos em publicidade no exterior.
“A crise fez com que a Embratur não divulgasse a cidade no exterior, o que resultou nesta queda de turistas estrangeiros”, disse Alfredo Lopes.
De acordo ainda com levantamento, a região da cidade mais procurada neste ano pelos visitantes é a zona sul, cartão postal que tem sempre o policiamento reforçado em períodos de festa, como Revéillon e Carnaval.
Neste ano, os bairros do Flamengo e Botafogo terão o maior número de turistas. A região já tem 96% dos quartos ocupados contra a média de 75% no ano passado. Em seguida, aparecem Copacabana, Leme, Ipanema e Leblon, com 89%. A média em 2017 foi de 82% em Copacabana e Leme e 83% em Ipanema e Leblon.
A região central e a Barra da Tijuca aparecem, respectivamente, com 84% e 82% de ocupação.
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