Após mortes de membros da cúpula do PCC, Temer decide enviar força-tarefa ao Ceará
Após o assassinato de dois membros da alta cúpula da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em uma ação que teria envolvido um ataque de helicóptero em uma região indígena no Ceará, o presidente Michel Temer (MDB) decidiu enviar neste domingo (18) uma força-tarefa para dar apoio técnico ao combate ao crime organizado no Estado.
A medida acontece cerca logo após o presidente decretar intervenção na área de Segurança Pública do Rio de Janeiro e nomear como interventor o general Walter Souza Braga Netto, que passa a controlar as polícias e o setor penitenciário do Estado.
Nota divulgada pelo Ministério da Justiça afirmou que, "diante dos últimos acontecimentos" no Ceará, o grupo vai dar reforço às operações conjuntas de inteligência realizadas pelas forças de segurança estaduais. A reportagem do UOL apurou que o envio foi motivado principalmente pelas mortes, ocorridas na quinta-feira (15) e noticiadas apenas neste domingo.
Questionado, o ministro da Justiça Torquato Jardim afirmou que o grupo fará uma ação de inteligência e descartou a possibilidade de que ocorra no Ceará uma intervenção federal semelhante à que foi anunciada no Rio. Segundo ele, será um "apoio técnico" ao Estado.
O ministro afirmou que a ação ocorre a pedido do governo do Ceará e já vinha sendo cogitada há três semanas. Ele preferiu não comentar quando foi questionado sobre a relação da ação com o assassinato dos membros da cúpula do PCC.
O Ceará é palco de uma disputa por pontos de venda de drogas e controle de presídios entre o PCC e facções como o Comando Vermelho e a Família do Norte.
A força-tarefa será composta por 26 homens da Polícia Federal e dez da Força Nacional de Segurança Pública, sendo chefiada pelo almirante Alexandre Mota, secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Eles embarcam da Base Aérea de Brasília com destino a Fortaleza às 22h deste domingo. O ministro da Justiça, Torquato Jardim, vai acompanhá-los até a aeronave.
Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, foragidos da Justiça de São Paulo e até então considerados as principais vozes do PCC fora dos presídios, foram mortos a tiros na área de reserva indígena em Aquiraz (CE).
De acordo com o MP (Ministério Público), atualmente, Gegê do Mangue era o mais importante membro do PCC em liberdade. A facção criminosa é chefiada de dentro de um presídio por Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Ele cumpre pena na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), a 600 km da capital, onde está a cúpula da facção.
Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Paca também fazia parte da cúpula do PCC e estava entre seus dez membros mais importantes.
"Os moradores relatam que uma aeronave foi usada na ação criminosa. Um helicóptero teria efetuado voos em baixa atitude e os ocupantes efetuados disparos. O fato se deu na quinta-feira. Os corpos foram encontrados de sexta-feira (16) para sábado (17)", explicou à reportagem um promotor que atua em Presidente Venceslau e que pede para não ser identificado.
Os corpos foram encontrados perto de uma lagoa na região de Canindé, município a 118 km da capital cearense, por um rapaz que estava colhendo frutas. O local é de mata fechada, sem acesso via estrada. O homem chamou a polícia, que recolheu os corpos e iniciou trabalho de perícia. Próximo aos corpos, havia várias cápsulas de pistolas 9 mm.
Polícia e MP trabalham com a hipótese de que as mortes teriam sido motivadas por uma disputa interna do PCC. Os dois teriam encomendado a morte de outro ex-integrante da cúpula da facção, Edilson Nogueira, o Birosca, aliado de Marcola, sem autorização do resto da cúpula da facção. Mas a hipótese de ligação do crime com disputa com outras facções não está descartada.
Conselho de Defesa Nacional
Segundo a Folha de S.Paulo, Temer decidiu fazer na segunda-feira uma reunião com os conselhos nacionais de Defesa e da República. Eles são órgãos consultivos da Presidência que opinam sobre a decretação de intervenção federal, como a que ocorre no Rio de Janeiro. São formados por 23 autoridades entre ministros e os presidentes da Câmara e do Senado.
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