"Ele não queria morrer", diz pai de menino baleado na cabeça no morro do Cantagalo
Leo Burlá
Do UOL, no Rio de Janeiro
26/02/2018 14h02Atualizada em 26/02/2018 14h28
Baleado na cabeça no último sábado (24) no morro do Cantagalo, zona sul do Rio, o estudante Marlon de Andrade Domingues, 10, foi sepultado no início da tarde desta segunda-feira (26).
A cerimônia foi marcada por comoção dos familiares e amigos, que cantaram hinos religiosos durante o enterro. Cerca de 300 pessoas acompanharam o cortejo. "É meu filho, levou um tiro na testa. Ele não queria morrer, não. Esculacharam o moleque, mas vão pagar", disse o pai, Mauro Domingues, durante o sepultamento no cemitério São João Batista, também na zona sul.
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Ao lado do caixão, Luanda de Andrade, mãe do menino, era amparada presentes. “Meu filho, por quê? Eu não consigo entender. Vou sentir tanto sua falta. Como vou ficar agora sem você? Meu filho querido. Você é um anjinho, você é uma criança inocente”, disse a mãe.
O menino de 10 anos estava brincando com um amigo na laje de casa no momento em que foi atingido na cabeça por um disparo. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea, mas não resistiu e morreu pouco tempo depois no pronto-socorro.
No mesmo dia do crime, uma operação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do morro em conjunto com a Polícia Civil apreendeu em uma das escadarias de acesso à comunidade um adolescente de 17 anos suspeito de ter efetuado o disparo que matou Marlon. A hipótese trabalhada pela polícia é de que o adolescente está ligado ao tráfico de drogas.
Com ele foi encontrada uma pistola 9 milímetros. De acordo com a polícia, ele disse que foi um acidente.
Revoltados, moradores espancaram o adolescente, que também foi levado ao Miguel Couto. Segundo a polícia, o adolescente apreendido tem passagens por trocar tiros com policiais da UPP e já foi apreendido por furto.