"Salvei a coisa mais preciosa", diz porteiro que resgatou criança de incêndio em SP
Lucas Borges Teixeira
Colaboração para o UOL
13/06/2018 17h01
"Se eu demoro mais dois minutos, não tinha conseguido salvá-lo." Esta é a impressão do porteiro José Freire, responsável por salvar um garoto de oito anos durante um incêndio em um apartamento do prédio onde trabalha, no centro de São Paulo, na madrugada desta quarta-feira (13).
Freire estava na portaria do edifício no Viaduto Dona Paulina, na Sé, quando começou a ouvir gritos de socorro por volta das 3h. "Eram gritos abafados, com aquela voz fina de criança", contou o profissional ao UOL. Ao ver fumaça saindo de uma sacada do segundo andar, o porteiro pegou o elevador e subiu até o apartamento, mas a porta estava trancada. "Tive que dar duas pezadas fortes para derrubar a porta e, de cara, já saiu aquela fumaceira", relata Freire.
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O menino estava sozinho no apartamento no momento do acidente. Freire conta que o pai trabalha em uma lanchonete de madrugada e a mãe havia ido comprar comida. Segundo ele, a família suspeita que uma vela acesa tenha causado o incêndio.
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"Eu não conseguia ver nada, saí tateando pelo apartamento, ficava engasgando com a fumaça forte", lembra ele. Foi então que ele encontrou a criança encolhida na sacada ao lado de um cachorro. "Nem pensei, coloquei ele nas costas a saí descendo as escadas, o cachorro veio junto", conta o porteiro. Segundo ele, a criança não chorava, mas estava muito assustada.
"Destruiu tudo lá dentro, queimou tudinho, só consegui salvar a coisa mais preciosa, que é a vida do menino", afirmou.
Depois de levar o menino para baixo, Freire começou a pedir para os outros moradores deixarem seus apartamentos e saíssem pela escada. "Foi aquela confusão, o interfone ficou congestionado, mas conseguimos tirar as pessoas, acabou que só pegou fogo naquele apartamento mesmo", conta ele com orgulho.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo foi controlado rapidamente e a criança foi levada consciente à Santa Casa da capital por ter inalado fumaça. "Em uma hora dessas, ouvindo o socorro de uma criança, você só não vai se realmente não tiver condições. Tem que arriscar", conclui o porteiro.