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PM usa bombas contra servidores em protesto na Câmara do Rio

Luis Kawaguti e Marcela Lemos

Do UOL e colaboração para o UOL, no Rio

26/06/2018 15h58Atualizada em 26/06/2018 19h13

A Polícia Militar do Rio usou spray de pimenta e bombas de efeito moral contra servidores municipais do Rio de Janeiro que fazem nesta terça-feira (26) um protesto na Câmara dos Vereadores, no centro da capital, contra projeto de lei que prevê a taxação de aposentados e pensionistas do município. No final da tarde, o projeto foi aprovado. A confusão começou após muitos servidores não conseguirem entrar na Casa para acompanhar a segunda discussão sobre o projeto.

Por volta das 16h, os policiais dispersaram o protesto com bombas de efeito moral. Uma professora ficou ferida, foi colocada dentro de um táxi por colegas e levada para um hospital. A reportagem não conseguiu identificar que tipo de ferimento ela sofreu, mas o vereador Tarcísio Motta (PSOL) afirmou que ela teria sido atingida na perna por uma bala de borracha e passado por cirurgia.

Ao menos um manifestante, que seria professor, foi detido. A tensão na Câmara se elevou quando esse homem, identificado como Nilvo, foi detido por policiais quando manifestantes tentaram impedir a entrada de vereadores na Casa Legislativa. Segundo testemunhas, ele foi agredido e levou uma "gravata" dos policiais. Aos gritos de "solta o professor", manifestantes tentaram impedir que ele fosse colocado em um carro da polícia.

Um vídeo publicado na página de Tarcísio Motta mostra outro momento de tensão entre manifestantes e PMs no local. Um dos policiais que aparece no vídeo chega a apontar a arma de bala de borracha para um grupo de pessoas (veja abaixo).

Por meio de nota, a PM informou que agentes do 5º BPM (Praça da Harmonia) e do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos monitoravam a manifestação. "Houve um princípio de tumulto envolvendo algumas pessoas na entrada do edifício e foi necessário o uso de armamento não letal para conter a confusão", disse a corporação, por meio de nota.

Nas imagens, uma mulher afirma ter sido ameaça pelo policial. “Ele me ameaçou. Apontou a espingarda para mim”, disse gritando ao perceber que a ação estava sendo filmada.

Nas imagens, é possível ver também o momento que o vereador Reimont (PT) critica a atuação da PM. “Que história é essa? Pra que isso? Pra que estão fazendo isso? Desnecessário!”, afirmou aos berros o vereador.

Na sua página no Facebook, Tarcísio Motta criticou as condições da votação do projeto. “A Câmara está trancada para os servidores não entrarem. O governo mobilizou cargos comissionados, mandou a galera que tem cargo comissionado vir para cá para apoiar o projeto da votação dos inativos. Estamos aqui tentando garantir o mínimo. Pelo menos uma galeria a favor e outra contra e que não ocorra repressão sobre os servidores que se manifestem fora da Casa”, disse o vereador.

Por meio de nota, Prefeitura do Rio de Janeiro, autora do projeto de lei, disse que não houve alteração no expediente nas repartições municipais nessa terça. "A discussão e votação do Projeto de Lei Complementar 59/2018 é de interesse se servidores ativos e inativos. A distribuição das senhas foi realizada pela Câmara Municipal, por intermédio da Coordenadoria de Segurança do Legislativo", disse a administração municipal.

Devido à discussão do projeto, a entrada e a saída de funcionários da Câmara foi monitorada. O acesso só foi permitido com apresentação de crachá e a presença de vereadores.

O projeto de lei estava em segunda discussão. A votação foi concluída por volta de 18h30 e o projeto foi aprovado. Agora a proposta seguirá para a sanção do prefeito Marcelo Crivella (PRB). O projeto prevê, entre outros pontos, a cobrança de 11% sobre os salários de aposentados e pensionistas vinculados à prefeitura. Na semana passada, o projeto foi aprovado em primeira discussão por votos 28 favoráveis e 20 contrários.