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PM ameaçado após beijar homem no metrô de SP recebe proteção policial

Leandro Prior, PM que foi gravado no metrô de SP dando um "selinho" em um amigo Imagem: Marlene Bergamo/FolhaPress

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

13/07/2018 18h55

A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo disponibilizou nesta sexta-feira (13) proteção policial e colete à prova de balas ao soldado Leandro Prior. Ele prestou depoimento ao órgão na tarde de hoje. Nas duas últimas semanas, o policial tem recebido ameaças de morte e sofrido pressão para deixar a corporação. O motivo: um vídeo, gravado sem o conhecimento do PM, em que ele aparece fardado dando um "selinho" de despedida, em um amigo, na linha Vermelha do metrô.

O vídeo circulou em grupos de WhatsApp de policiais militares. A partir daí, o soldado relata ter recebido ameaças de PMs defendendo que ele morra ou peça para deixar a corporação. Uma das mensagens --postada no Facebook e atribuída a um policial da Rota (tropa de elite da Polícia Militar) --defendia o apedrejamento do soldado. O dono do perfil alegou ter tido a conta hackeada e negou ter sido o autor do texto.

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Ao UOL, após depor na Corregedoria, o soldado afirmou ter aceitado as medidas de segurança propostas, uma vez que, desde a repercussão do episódio, teve de entregar a arma e se licenciou para tratamento psiquiátrico.

“A Corregedoria me deu todos os meios possíveis para que eu tivesse segurança e ainda disponibilizou uma linha direta para que, precisando, eu possa entrar em contato com eles. Apresentei as provas das ameaças que recebi, algumas mensagens de ameaças que meu pai [PM aposentado] recebeu e agora aguardo que isso seja investigado com a mesma humanidade e lisura com que fui atendido”, afirmou.

Segundo o soldado, as ameaças foram feitas por mensagens no Facebook e no Instagram. Outras, mais recentes, chegaram pelo WhatsApp na forma de texto e áudio.

Corregedoria investigará PMs envolvidos

O corregedor-geral da PM, coronel Marcelino Fernandes, afirmou que Prior foi ouvido e incluído em um programa de proteção ao policial vítima. “Como ele materializou algumas ameaças recebidas, estamos juntando essas provas para instaurar inquérito contra os policiais envolvidos, se comprovado o fato”, disse.

Fernandes reforçou que a situação em que o soldado se colocou também implicou em “transgressões disciplinares”, tendo em vista que, fardado, ele não poderia ter feito demonstrações públicas de afeto. Ao menos quatro policiais heterossexuais foram punidos com reclusão, desde 2001, em função desse tipo de comportamento.

“Porque isso [carícias em público, usando a farda] diminui a capacidade de reação do policial. Mesmo estando fora de serviço [Prior, por exemplo, voltava para casa após um dia de trabalho], quando o PM entra no transporte público, ele não paga passagem porque representa ali o estado. Portanto, ele tem que estar atento e voltado à segurança”, defendeu.

Além da Corregedoria da PM, o soldado também registrou na Polícia Civil as ameaças recebidas, uma vez que haveria agentes da instituição por trás de algumas delas.

Apoio de policiais LGBTs

Também hoje, o soldado disse ter sido surpreendido por manifestações de solidariedade, feitas pelas redes sociais, por parte de policiais, guardas civis e agentes penitenciários assumidamente LGBTs.

Com a hashtag “#somostodosPrior” e fotos alusivas à bandeira colorida do movimento LGBT associadas a mensagens de orgulho pela orientação sexual, os agentes manifestaram apoio a Prior.

A campanha foi organizada pela Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBT (Renosp LGBT), entidade fundada em 2010 e que congrega cerca de 60 mil profissionais de segurança pública assumidamente gays, lésbicas e transexuais em todo o país.

Segundo o coordenador nacional da rede, o subtenente da PM do Distrito Federal Itamar Matos de Souza, 40, o grupo apoiou o soldado paulista --que é associado-- para que ele soubesse que “não está sozinho”.

“Fiquei surpreso porque muitas pessoas se dispuseram a me apoiar, um sinal de que as coisas estão mudando”, avaliou o soldado. “Digamos que é um assunto que saiu não só do armário, mas dos quartéis”, afirmou Prior.

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