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Homem se livra de 3ª tornozeleira eletrônica e tenta matar o sogro no AM

Policiais encontraram a cinta do equipamento rompida no meio do mato - Divulgação/Polícia Civil do AM
Policiais encontraram a cinta do equipamento rompida no meio do mato Imagem: Divulgação/Polícia Civil do AM

Demétrio Vecchioli

Colaboração para o UOL

18/07/2018 18h45

Ao prender Clodoaldo Soares de Souza Júnior em flagrante nesta segunda-feira (16) por tentativa de assassinato em Manaus, a Polícia Civil do Amazonas descobriu que aquele não era um preso comum. Souza Júnior deveria estar sendo monitorado pela Justiça, mas rompeu três vezes as tornozeleiras eletrônicas que haviam sido colocadas em sua perna. Agora, resta saber por que ele continuava circulando livremente.

Durante uma briga no domingo (15) à noite, o homem feriu a mulher e tentou matar o sogro. As vítimas foram até o 20º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e prestaram queixa.

Ao buscarem informações sobre o acusado, os policiais observaram que o homem já tinha outras passagens pela polícia e inclusive já havia sido condenado, em 2016, por roubo. Deveria estar em cumprimento de cinco anos e quatro meses em regime semiaberto, mas não era monitorado pelo sistema da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).

Ele foi localizado na comunidade Bom Viver, nos arredores de Manaus, sem sua tornozeleira eletrônica. Os policiais encontraram a cinta do equipamento rompida escondida em uma bolsa, no meio do mato, e não mais no tornozelo do condenado, como deve ser. Os agentes descobriram que essa era a terceira vez a tornozeleira havia sido estourada.

"Enviamos a tornozeleira para a perícia e oficiamos a Seap que tem 30 dias para nos passar todo o relatório dele. A gente quer saber o que aconteceu nas outras duas vezes e qual a penalidade que foi aplicada a ele", disse ao UOL o delegado Guilherme Torres, responsável pelo caso.

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A tornozeleira é da empresa Synergye, que tem um contrato em que recebe R$ 475 mensais por preso – tal acordo recentemente foi alvo do Ministério Público do Estado do Amazonas, que solicitou abertura de inquérito civil para apurar suspeitas de superfaturamento. As duas partes negam irregularidades.

Em contato com o UOL, um porta-voz da Synergye admitiu que a tornozeleira não consegue evitar todas as fugas. "A tornozeleira serve para controlar. Se a pessoa tentar romper, a gente vai saber exatamente onde rompeu", explicou.

A peça é composta por uma parte que contém um modem e um GPS. Em torno dela fica a cinta, feita de PVC, por onde passa um cabo de fibra ótica, revestido com o mesmo material do qual são feitos os coletes à prova de balas, para evitar o rompimento. Quando a faixa é aberta, o cabo perde a conexão, o que emite um sinal de alerta para uma central de monitoramento.

No caso de Clodoaldo, esse sinal não chegou à Seap, porque o órgão havia parado de monitorar o condenado. Questionada, a secretaria não detalhou os motivos.

Até o fechamento desta matéria, a reportagem não conseguiu contato com o Tribunal de Justiça do Amazonas.