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Assessor de presidente da Alerj é baleado ao entrar por engano em favela

André Ceciliano acena ao tomar posse para ser presidente da Alerj - ALEXANDRE BRUM/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
André Ceciliano acena ao tomar posse para ser presidente da Alerj Imagem: ALEXANDRE BRUM/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

05/02/2019 10h21

O assessor do deputado estadual André Ceciliano (PT-RJ), presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi baleado ao entrar por engano de carro em uma comunidade no bairro de Brás de Pina, na zona norte do Rio, na manhã desta segunda-feira (4).

Ronaldo Veloso Ribeiro estava acompanhado da mulher quando acessou a comunidade Cinco Bocas e se deparou com barricadas que teriam sido instaladas pelo tráfico. Os supostos criminosos teriam determinado que ele abaixasse os vidros do carro, mas Ribeiro se assustou e tentou deixar o local.

O grupo atirou e o assessor foi baleado nas costas. Um disparo atingiu um dos pulmões e o assessor foi socorrido no hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, também na zona norte, em que foi operado. Segundo a assessoria de imprensa do presidente da Alerj, o funcionário passa bem. O próprio assessor avisou à equipe sobre o ocorrido. 

O servidor trabalha como auxiliar no gabinete de André Ceciliano desde setembro de 2015. 

CECILIANO É ELEITO PRESIDENTE DA ALERJ

bandrio

Petista revelou sofrer ameaças

O fato ocorre após Ceciliano revelar que vem sendo ameaçado de morte, mas a assessoria do parlamentar nega relação que o incidente com o assessor e as ameaças destinadas ao presidente da Alerj.

Nesta segunda-feira, o deputado do PT voltou a explicar que as ameaças começaram após a prisão do prefeito de Japeri, Carlos Moraes, (PP), preso desde o ano passado por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. Ceciliano disse que as ameaças ocorreram até mesmo de dentro do presídio.

"Tem uma investigação e eu já fui ouvido porque ele preso diz que vai me matar, inclusive falou para o diretor de Bangu 8. A gente está se cuidando, estou andando com escolta há 40 dias, mas infelizmente é isso. A realidade é que precisamos nos cuidar", disse em entrevista ao RJ TV, da TV Globo.

Além de Ceciliano, outra parlamentar da Alerj relatou ameaças.  Dani Monteiro (PSOL) disse que, após tomar posse na última sexta-feira (1), encontrou o vidro traseiro do seu carro com pichações. O conteúdo não foi revelado pela parlamentar e o veículo estava estacionado no espaço de vagas oficiais do Palácio Tiradentes. 

De acordo com a deputada, que está em seu primeiro mandato, o caso foi registrado na polícia e a segurança e a presidência da Casa foram informadas sobre o ocorrido. "Esse episódio é mais um sintoma de uma democracia fragilizada , na qual vozes discordantes  e de resistência são perseguidas e silenciadas", comentou a parlamentar que ainda citou o assassinato da amiga e vereadora Marielle Franco, também do PSOL.

"O assassinato brutal de Marielle Franco (...) mostra que são tempo de acirramento do ódio na política e na banalização da vida. Sou a representante de um mandato jovem, negro e feminista, que traz pautas historicamente negligenciadas à tona e incomoda muitos espaços de poder. O fato é grave, mas a Alerj é um patrimônio do povo fluminense e nós continuaremos a ocupar esse espaço", finalizou a deputada.

Segundo caso em dois dias

Em apenas dois dias, esse foi o segundo caso de pessoas baleadas após entrarem por engano em favelas no Rio. No domingo, uma menina de 11 anos foi atingida nas costas, na altura da lombar, após o pai acessar a Rua Veny Conceição, que dá acesso à comunidade do Rato Molhado em Itaboraí, na região metropolitana do Rio. O pai da menina teve o carro atingido por disparos após se deparar com supostos traficantes armados e fugir do local. Um dos disparos entrou pelo porta-malas, perfurou o banco e atingiu a criança que estava no banco traseiro do veículo.

A menina foi levada para o hospital Municipal Leal Júnior, mas em seguida foi transferida para o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, também na região metropolitana.