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Órfã de pai e mãe, única garota entre mortos no baile queria ser maquiadora

Luara Victoria de Oliveira, uma das vítimas de Paraisópolis, em foto de sua rede social - Reprodução
Luara Victoria de Oliveira, uma das vítimas de Paraisópolis, em foto de sua rede social Imagem: Reprodução

Décio Galina

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/12/2019 19h50

Única mulher entre os nove mortos ao fim do baile da DZ7 do último fim de semana em Paraisópolis, Luara Victoria Oliveira, 18, caprichou na maquiagem antes de sair de casa.

Se havia algo que ela adorava mais do que funk, diz ao UOL uma amiga próxima de Luara, era a maquiagem — a ponto de essa atividade constar de seus sonhos de futuro, interrompidos ainda em situações não esclarecidas.

"Até agora não posso acreditar no que aconteceu. Será que teremos justiça? Quando morre gente simples, na periferia, dificilmente acontece alguma coisa, e fica por isso mesmo", afirma a amiga, que se recorda dos últimos momentos com a jovem, agora morta.

"Luara me deu um beijo no rosto, disse que me amava, eu disse que a amava também, e que ela era uma filha para mim. Fechou a porta. E foi embora para sempre", relata a amiga, que pede para não ter o nome revelado.

Ela afirma que foi uma das últimas pessoas com quem Luara conversou antes de sair para a última festa de sua vida.

Órfã de pai e mãe

Luara tinha um irmão e era órfã de pai e mãe: Waldir dos Santos Oliveira, que tinha doenças do coração, morreu após parada cardíaca quando andava pelo bairro há cerca de 3 anos. A mãe de Luara, Adriana Ferreira Macedo, morreu após complicações nos rins, há cerca de 5 anos.

A avó Elza Paulino e o tio Vagner dos Santos deram guarida à jovem: Luara morava na região do Grajaú com uma prima na casa composta por sala, quarto, cozinha e banheiro, nos fundos do quintal onde esses dois parentes vivem.

Ontem, o tio de Luara, o comerciário Vagner dos Santos, afirmou à reportagem que foi impedido de ver o corpo da jovem no IML.

Amigos e familiares relatam que após a morte dos pais, Luara abandonou os estudos na Escola Estadual Maestro Callia, no Jardim Primavera (zona sul de São Paulo, próximo à Represa Billings), em 2015.

"Algumas amigas e os familiares falavam com ela para não ir tanto a esses bailes funks, mas sabe como é essa idade, né? A gente falava que era perigoso, ela dizia que se sentia presa em casa, que queria curtir a vida. Ainda assim, era uma jovem com juízo. Não ficava até de manhã, voltava para casa antes do fim do baile", contou a amiga.

Além de maquiagem, Luara tinha outros assuntos que dominavam a sua atenção — a começar por Júnior, o pit bull com quem convivia.

Gostava de andar de moto e levava o Corinthians como time de coração - tinha a camiseta, mas não era de ir ao estádio.

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