Tio de vítima de Paraisópolis afirma que foi impedido de ver corpo no IML
O comerciário Vagner dos Santos Oliveira, 55, afirma que foi impedido, no IML Central, de ver o corpo de sua sobrinha, Luara Victoria de Oliveira, 18, uma das nove mortas após ação da Polícia Militar realizada na favela de Paraisópolis com o intuito de dispersar o Baile da DZ7, festa funk que ocorria no local.
Vagner e sua filha foram ao IML reconhecer o corpo de Luara a pedido da família. Ao chegar ao local, foram chamados para a sala onde estava o corpo, que estava coberto por um tecido.
"O corpo estava coberto. Podíamos ver apenas o rosto e os pés. Quando minha filha foi puxar esse tecido para ver o corpo da prima, a impediram, dizendo que o corpo não havia sido desinfetado", disse Vagner.
"Ficamos sem reação e não tinha como contestar. Naquele momento, fragilizado, você aceita de tudo", disse o tio da vítima, enterrada na tarde desta segunda-feira (2), no Cemitério de Campo Grande em São Paulo.
"Se ela tinha outras lesões nós não tivemos condições de ver", afirmou o tio de Luara. Quanto ao rosto, Oliveira conta que o maxilar estava de lado e o pescoço "num ângulo diferente". O rosto dela também tinha marcas que pareciam com tapas, afirma o parente da vítima.
Segundo Oliveira, ele e a filha não tiveram outra chance de estar junto ao corpo e o tempo todo havia funcionários do IML, "com distintivos de policial".
De acordo com Vagner, a sobrinha, que morava em Interlagos (zona sul de São Paulo), era frequentadora do baile em Paraisópolis.
"O jovem de hoje não é o de ontem. Não cabe a nós julgarmos".
O comerciário defendeu que o Estado ou a prefeitura deveriam criar locais próprios para os pancadões. "Deixe a molecada se divertir. No (parque) Villa-Lobos chamam a polícia quando reclamam da molecada que anda de patins? Não, né?".
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