Karnal: É preciso felicidade política ou não haverá sociedade brasileira
Geração P, o podcasts do UOL sobre os impactos da pandemia, estreia nesta segunda-feira (18) com uma entrevista com o historiador Leandro Karnal. Na conversa com Jamil Chade e Ruth Manus, que apresentam o programa, Karnal falou sobre as possíveis transformações que estão por vir no amor, nas relações familiares, na cultura, na desigualdade social e até na forma de encararmos a morte. Ouça abaixo.
O historiador disse que, se tivesse uma única lição a destacar nessa pandemia, é a de que não existe um país com uma só classe. "Se essa fosse a lição para a classe média, que luta com o tédio observando a classe baixa lutar com a sobrevivência, é que não haverá um país só de classe média, de condomínios fechados. Não é possível resolver só o problema da sua família. É claro eu penso primeiro na família, mas não é possível apenas isso", afirmou (no arquivo acima, a partir de 26:10).
"Precisamos descobrir um sentido aristotélico muito importante, de que a verdadeira felicidade é política. Vida na pólis: e essa vida precisa ser exercida na sua plenitude ou eu não terei mais sociedade brasileira. Estamos à beira de um esgarçamento do tecido social. Se algo não for feito, teremos sintomas crescentes daqui pra frente, que serão saques de supermercado. A nossa situação, que já não era tranquila, vai virar totalmente caótica", continuou (a partir de 26:50).
Ainda sobre a classe média, o historiador disse que esse grupo descobriu sua vizinhança --um elemento tão presente nas comunidades mais pobres-- através das sacadas nesse momento de pandemia. "A classe média descobriu que podia se comunicar através de panelas, músicas, palmas ou vaias para isso ou para aquilo" (no arquivo, a partir de 15:40).
Para ele, a epidemia evidenciou a desigualdade social de uma forma brutal, que se tornou insuportável: "Ela trouxe à tona uma grande quantidade de ostentação, de pessoas postando que estão fazendo yoga na sala, que descobriram a culinária vegana, enquanto outros estão sem comida" (a partir de 16:33).
E continuou (a partir de 17:25): "É tão brutal que, se hoje tivesse de pensar qual a grande estratégia do capitalismo brasileiro [para sobreviver], seria pensar em maior integração social e diminuição dessa disparidade. Para sobreviver, não para promover uma revolução.
Ao falar da quarentena entre pessoas sem privilégios, o historiador resumiu: "Com álcool, crise econômica, falta de comida e crianças chorando, o [líder espiritual] Dalai-Lama surtaria" (em 23:45).
Geração P
A letra "P", do nome do podcast, refere-se à pandemia, às perspectivas e, especialmente, às projeções de como serão nossas vidas daqui para frente. Assista abaixo ao vídeo de lançamento do podcast.
Às segundas e quartas, o programa tem apresentação de Jamil Chade, colunista do UOL baseado em Genebra, e Ruth Manus, advogada e escritora que vive em Lisboa. Eles trazem bate-papos, análises e reflexões sobre os novos caminhos que se formam a partir da Covid-19, além de entrevistas.
Aos sábados, o podcast volta seu olhar a mulheres no Brasil que estão na linha de frente contra o coronavírus. A jornalista Giuliana Bergamo conta essas histórias, que fazem parte de uma série de reportagens especiais de Universa, a plataforma feminina do UOL. O primeiro relato é sobre os desafios enfrentados por Ho Yeh Li, coordenadora da UTI de doenças infecciosas do HC-SP, que foi vítima do coronavírus e participou da repatriação de brasileiros na China.
Você pode ouvir o podcasdt Geração P no UOL, no Youtube e em distribuidores de podcasts, como Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Deezer. Com este lançamento, o UOL soma 14 podcasts: você pode conferir todos os programas em uol.com.br/podcasts.
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