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Nasce bebê de mulher que foi agredida grávida por PM no interior de SP

Isabela e a filha recém-nascida, Luna - Reprodução
Isabela e a filha recém-nascida, Luna Imagem: Reprodução

Alex Tajra e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

26/05/2020 15h56

Nasceu na noite de ontem, no Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto, a filha da estudante Isabela Sabino de Souza, agredida por um policial militar em fevereiro deste ano. Ela foi alvo de violência policial na mesma cidade, enquanto estava grávida de cinco meses. O PM foi flagrado, em vídeos, agredindo Isabela enquanto tentava imobilizá-la no chão.

Isabela foi agredida com um tapa no rosto (veja vídeo abaixo). Ela ainda teve a barriga pressionada pelo joelho do policial e foi enforcada, enquanto testemunhas pediam para que ela fosse liberada.

Em suas redes sociais, ela publicou uma fotografia da filha, Luna. "Braba lançada", afirmou Isabela na publicação.

O policial que agrediu Isabela foi identificado como Wesley Viana dos Santos, 34. À Polícia Civil, ele disse à época que a grávida o xingou de "filho da p... e de verme".

Ao se aproximar da mulher, o policial disse ter sido agredido com um soco no peito, "havendo, assim, a necessidade de técnicas policiais e força para jogá-la ao solo".

À época das agressões, o governador João Doria pediu que Viana fosse afastado do cargo por conta da conduta "totalmente inadequada do policial".

A Polícia Militar informou que um IPM (Inquérito Policial Militar) foi instaurado para investigar a ocorrência, e a Corregedoria da corporação também afirmou que investigaria o caso.

"O Inquérito Policial Militar foi instaurado para apurar as circunstâncias do fato. Atualmente, devido à pandemia do coronavírus, todos os prazos processuais foram suspensos, motivo pelo qual a instrução do IPM encontra-se temporariamente suspensa. O policial militar encontra-se trabalhando no serviço administrativo", disse a PM em nota.

A reportagem tenta contato com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, e este texto será atualizado assim que o órgão se manifestar sobre a apuração da Polícia Civil sobre o caso.

Testemunha disse que Isabela filmava

Em fevereiro, uma testemunha afirmou à reportagem que Isabela foi agredida porque, enquanto os PMs abordavam um suspeito de traficar drogas, desconfiaram que ela estava filmando.

O ato de filmar, porém, não infringe nenhuma lei. Enquanto as testemunhas pediam que ela fosse liberada, o PM afirmava que ela estava detida pelos crimes de desacato e de resistência.