RN: Menino some ao levar lanche para os irmãos que pediam dinheiro em farol

Um menino de oito anos está desaparecido em Natal (RN) depois de sair de casa para levar um lanche para os irmãos, que estavam pedindo dinheiro em semáforo do cruzamento das avenidas João Medeiros Filho e Moema Tinoco, no último dia 21. Passadas duas semanas do desaparecimento de José Carlos da Silva, 8, a Polícia Civil do Rio Grande do Norte ainda não tem pistas sobre o paradeiro da criança.

O menino saiu de casa, localizada na comunidade África, por volta das 9h30 do último dia 21, e não chegou ao local onde encontraria os irmãos e nem voltou para casa. Familiares do menino disseram que ele, apesar da pouca idade, tinha costume de andar só pela região que a família mora e que nunca tinha desaparecido.

Quatro cães farejadores do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba foram trazidos para Natal para ajudar a encontrar o menino. A varredura iniciou na última quarta-feira (4) em conjunto com policiais civis do NIPD (Núcleo de Investigação sobre Pessoas Desaparecidas), da DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa), e militares do Corpo de Bombeiros da Paraíba, mas hoje foram suspensas

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte informou que a atuação dos cães foi interrompida porque os animais estavam "cansados" e precisaram de uma pausa. A polícia disse ainda que o que tinha de ser apurado sobre o caso já foi investigado nos primeiros dias. "Caso haja necessidade, darão retorno a essas diligências", informaram as autoridades.

Dois dos cães que participam da investigação são especializados em busca de cadáveres e outros dois em odor específico -os animais receberam uma roupa do menino para sentir o cheiro e apontar o percurso que a criança fez antes de desaparecer. Um dos cachorros atuou nas buscas por desaparecidos no desastre em Brumadinho (MG).

"Os cachorros indicaram um local por onde o menino tinha passado, o que serviu para os policiais civis coletarem imagens de câmeras de segurança. As diligências de busca foram promovidas em uma área de mata, os cães indicavam rastros e toda a área foi mapeada", informou a Polícia Civil do Rio Grande do Norte.

Família organiza protesto

A suspensão da atuação de cães farejadores nas buscas pelo menino causou mais aflição à mãe, aos parentes, aos vizinhos e aos amigos do menino. Diante disto, o grupo organizou um protesto para cobrar das autoridades policiais elucidação do caso.

O grupo está se concentrando no cruzamento das avenidas João Medeiros Filho e Moema Tinoco, principal acesso do centro da cidade a zona norte de Natal, para fechar as duas vias públicas. Os manifestantes pedem que as buscas com ajuda dos cães farejadores não sejam encerradas.

A mãe da criança, Ozenilda das Dores da Silva, e o ex-marido dela, Silvano, prestaram depoimento ontem no NIPD. O homem acabou o relacionamento com Ozenilda na última quarta-feira (4) alegando "desentendimentos" entre o casal e negou que tenha participação no desaparecimento da criança.

Polícia explica

O delegado do DHPP, Cláudio Henrique de Oliveira, afirmou que nenhuma linha de investigação é descartada e as poucas informações que a polícia recebeu estão sendo checadas até obterem resposta sobre o paradeiro do menino.

"Estamos investigando todas as hipóteses e não descartamos nada até chegarmos a elucidação desse caso. Até agora, ninguém veio nos procurar para repassar informações precisas, pois o que está embaralhado é onde foi o último local que ele foi visto pela última vez. Não temos nenhum suspeito responsável pelo desaparecimento do menino", disse o delegado, em entrevista ao UOL na tarde de hoje.

O delegado explicou que por questões de logística, a atuação dos cães farejadores foram suspensas, pois os condutores são de Campina Grande (PB), mas que, caso haja necessidade, eles serão acionados novamente.

"As buscas pelo menino continuam. Não é porque os cães não estão neste momento que paralisamos as investigações. Não podemos ficar com os cães retidos aqui em Natal porque os condutores dos cães são de outra cidade. A atuação deles foi bastante válida e ajudou na desenvolver linhas de investigação", destacou o delegado, afirmando que não pode repassar detalhes do que já foi apurado.

Ozenilda afirmou que toda família está abalada com o desaparecimento de José Carlos e que ela tem esperança de encontrar o filho vivo. Ela contou que, inicialmente, a família começou a procurar pela criança por conta própria no dia do desaparecimento.

O desaparecimento do menino foi registrado na polícia um dia depois do ocorrido, no último dia 22. A Polícia Civil solicita que a população continue enviando informações sobre o caso, de forma anônima, para o do Disque Denúncia por meio do número 181.