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Com camiseta de Bolsonaro, bombeiro armado agride jovem negro no DF

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

19/12/2020 16h41

Com uma camiseta em homenagem ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o sargento do corpo de Bombeiros Guilherme Marques Filho sacou uma arma e agrediu um homem negro na cidade de Taguatinga, no Distrito Federal. A ação aconteceu ontem em uma loja próxima a uma estação de metrô e as cenas foram registradas em vídeo.

Nas imagens, divulgadas pelo portal "Metrópoles", Marques empunha uma arma prateada e avança contra o programador Jair Aksin Reis, de 25 anos. Marques alega ter sido atingido por um tapa desferido por Reis. Então, o bombeiro dá dois tapas na cabeça do programador e o acusa de tê-lo agredido anteriormente.

Ainda segundo o portal, o homem negro disse que a razão da violência sofrida foi o fato de ele impedir o militar de cometer assédio contra uma mulher. Jair Aksin Reis depôs na 12ª Delegacia de Polícia Civil e afirmou que Marques assediou uma mulher na estação do metrô. Segundo o programador, Marques teria passado a mão nas costas dela e rido. Então, o jovem reclamou com o bombeiro. Naquele momento, Marques sacou a arma, mas os fiscais da estação intervieram.

Ao sair da estação, Jair Aksin afirmou que Marques estava escondido o esperando. Daí, ele alega ter corrido para a loja, na qual as câmeras de segurança registraram o resto do ocorrido.

Uma fonte da secretaria de Segurança do Distrito Federal afirmou ao UOL que as imagens das câmeras de segurança do metrô e os depoimentos das testemunhas serão analisados para confrontar com os depoimentos de Jair Aksin com as alegações que Marques vier a dar.

Em nota, o Corpo de Bombeiros disse que "manifesta-se contrário a qualquer forma de agressão e violência". A corporação acrescentou que "adotará todos os procedimentos legais necessários e obrigatórios à apuração dos fatos".

A corporação é defensora contumaz do respeito a todo cidadão e tem como seu dever, proteger a sociedade"
Nota da assessoria dos Bombeiros

Segundo colegas de Marques relataram à reportagem do UOL, o bombeiro trabalha há pelo menos 20 anos na corporação e está lotado no Centro de Suprimento e Material (Cesma).

O UOL procurou Marques por meio da assessoria dos Bombeiros e de conhecidos dele, mas não o localizou. A reportagem também não localizou Jair Aksin. Os esclarecimentos deles serão publicados se forem recebidos.

Bombeiros e policiais têm direito a porte de armas. O presidente Jair Bolsonaro é defensor de que a população em geral use armas, e não apenas por forças de segurança.

O político tem proximidade com a categoria dos policiais e dos bombeiros. Este ano, por exemplo, o governo baixou uma Medida Provisória para aumentar o salário das corporações mesmo em meio à crise financeira provocada pela pandemia de coronavírus.