Polícia pede acesso a telefones de PMs presos por mortes de jovens em RJ
A Polícia Civil pediu a quebra do sigilo telefônico dos policiais militares Jorge Luiz Custódio da Costa e Júlio César Ferreira dos Santos, presos preventivamente por suspeita de envolvimento no assassinato de dois jovens negros. Em vídeo, foi flagrada uma abordagem às vítimas, que foram encontradas mortas horas depois.
Nas imagens obtidas pelo UOL, captadas por câmeras de segurança de uma rua escura em Belford Roxo (RJ) na madrugada de sábado, o soldado Jorge Luiz aparece atirando sem qualquer motivo aparente nos jovens, que passaram de moto pelo local. Os corpos de Jhordan Luiz Natividade, 17, e Edson Arguinez Júnior, 20, foram achados na Estrada de Xerém, no bairro de Babi, área sob o domínio da milícia.
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) pede à Justiça o afastamento do sigilo de dados, em documento ao qual o UOL teve acesso com exclusividade, enviado na segunda-feira (14). Para embasar o pedido, argumentou que o PM Jorge Luiz, o mesmo que aparece no vídeo efetuando um tiro na direção dos jovens, se negou a autorizar o acesso ao seu celular, apreendido pela polícia no momento da prisão.
A Polícia Civil também solicitou a posição do GPS dos aparelhos usados pelos dois PMs entre meia-noite e 8h de sábado, período em que ocorreu a abordagem e o assassinato dos jovens, encontrados mortos a menos de 3 km do local da ação com tiro flagrada em vídeo.
As imagens de câmeras de segurança arrecadadas sugerem que um dos policiais militares efetuou disparo de arma de fogo quando as vítimas passaram por eles, ocasionando a queda
Um dos trechos da representação de afastamento de sigilo de dados
Os investigadores querem ter acesso a fotos, vídeos, ligações, mensagens de texto e de voz em aplicativos ou redes sociais —dados apagados podem ser resgatados em nuvem. No pedido, a Polícia Civil solicita acesso às informações por até 60 dias após a data do recebimento do ofício judicial à operadora de telefonia.
O delegado Uriel Alcântara Machado Nunes, que assina o documento, cita que os policiais militares atuavam fora de sua área de patrulhamento. E fala em "indícios robustos" do possível envolvimento dos PMs no assassinato. "Se não executando as vítimas, levando-as para que outros executassem", diz o documento encaminhado à Justiça.
A DHBF estabeleceu um prazo até a próxima quarta-feira (23) para que sejam obtidas as imagens originais do vídeo com o flagrante da ação irregular dos PMs. Os investigadores querem confirmar o disparo dado pelo PM Jorge Luiz e identificar nesse período a placa do Fiat Uno branco que aparece no início das filmagens para intimar o motorista que presencia a cena.
A Polícia Civil também quer identificar o proprietário da moto usada pelos jovens para saber qual foi o motivo do empréstimo do veículo. Os PMs serão ouvidos novamente.
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