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Médicos são condenados por morte de gestante com gaze esquecida na barriga

Os médicos condenados pela morte da gestante poderão recorrer da decisão Imagem: Thinkstock

Nathalia Zôrzo

Colaboração para o UOL, em Brasília

28/01/2021 20h23

A Justiça do Distrito Federal condenou três médicos do HRAN (Hospital Regional da Asa Norte), em Brasília, pela morte de uma gestante que ficou com duas compressas cirúrgicas esquecidas no abdômen durante a cesárea. O cirurgião e as duas residentes que fizeram o parto da vítima foram condenados a um ano e três meses de prisão em regime aberto, por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

O caso ocorreu em março de 2013. Michele da Silva Pereira, com 18 anos na época e grávida do seu primeiro filho, foi submetida a uma cesariana no HRAN. Três dias após receber alta, a jovem passou a sentir dores na região lombar, associada a febre, náuseas e vômitos. Ela procurou o Hospital Regional de Ceilândia, a 30 km do centro de Brasília e, três dias depois, passou por uma tomografia de abdômen, que identificou as compressas na região.

Michele fez então uma cirurgia de emergência, mas acabou morrendo durante o procedimento. Os cirurgiões diagnosticaram a ruptura de uma artéria, causada pelo atrito das compressas no abdômen dela.

No processo, os médicos do HRAN chegaram a negar que esqueceram os materiais na barriga da paciente e afirmaram que a morte dela não teve qualquer relação com isso.

Mas o médico Márcio Souza, da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde do Ministério Público do Distrito Federal, disse que os profissionais se contradizem nos depoimentos.

"Existem protocolos bem rígidos que para evitar esses problemas. Há um formulário, que geralmente fica com um técnico de enfermagem, que tem que ser preenchido com todos esses detalhes. Se eu te dei 10 gazes, você me devolve as 10 antes de finalizarmos o procedimento. No primeiro interrogatório, o médico diz que não se lembra de ter contado as compressas. Ele mesmo assume que não contou", explica Souza.

A promotoria disse que vai recorrer para tentar a condenação pela pena máxima, que é de quatro anos de prisão. Os médicos também podem recorrer da decisão.

Procurada pelo UOL, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal disse apenas que ainda não foi notificada sobre a decisão.

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