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AL: Menino com câncer raro conhecido por tratamento caro morre em hospital

Arthur posa para foto ao lado da mãe, Aline - Arquivo Pessoa
Arthur posa para foto ao lado da mãe, Aline Imagem: Arquivo Pessoa

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, Em Maceió

23/04/2021 03h41

O menino Arthur Omena Gomes de Barros Sanches, 7, carinhosamente chamado de Tuca, morreu na noite desta quinta-feira (22), após uma longa batalha contra um câncer raro e agressivo, identificado como tumor teratoide rabidoide raquimedular de T9 a L5, descoberto em março do ano passado. Tuca estava internado em um hospital particular de Maceió em estado grave, depois que voltou de São Paulo após exames de ressonância magnética que indicaram que o câncer havia aumentado as lesões e outros tumores haviam surgido em outras partes do corpo.

A luta de Tuca contra o câncer ficou conhecida em todo o Brasil depois que a equipe médica informou que era necessária uma medicação importada dos EUA chamada de Tazverik (tazemetostat). Cada frasco custa R$ 201 mil, em média, e daria para apenas 40 dias. Os médicos deram o prognóstico de Tuca se tratar com o fármaco por 24 meses, e o tratamento todo chegaria próximo aos R$ 4 milhões.

A morte de Tuca foi anunciada pela mãe dele, a advogada Aline Gomes de Barros, em uma publicação no Instagram, no final da noite desta quinta-feira. Antes, ela publicou uma homenagem ao filho dizendo: "milagre é poder viver o amor. Milagre também é voltar para os braços do Pai. Sempre juntos, juntos sempre", escreveu Aline.

A mãe de Tuca uma campanha para arrecadar o valor em um vídeo divulgado nas redes sociais. Vários artistas, como o ator Caio Castro, a cantora Sandy e o DJ Alok gravaram vídeos sensibilizando as pessoas a fazerem doações para a família de Tuca conseguir comprar a medicação. Em três meses de campanha a família do menino conseguiu arrecadar o dinheiro para o tratamento todo.

Na época, ela contou ao UOL que se não precisasse usar o valor todo, iria realizar um projeto de acolhimento de pessoas em situação de rua. Em vários momentos, durante a internação, Tuca pedia para que as pessoas ajudassem os moradores de rua e chegava a chorar pensando que pessoas não tinham uma casa para morar.

Tuca tinha sete anos, e em meio ao tratamento de câncer no ano passado conseguiu concluir a alfabetização. Ele estudava no Colégio Madalena Sofia, no Farol. O câncer em Tuca foi descoberto depois que ele começou a reclamar de dores na perna e a mancar, segundo relatou a mãe do menino. O resultado dos exames saiu no dia 9 de março de 2020, e a família decidiu levá-lo para São Paulo. Ele estava com um tumor de 17 centímetros no canal medular, mas depois outras lesões foram aparecendo no corpo.

Parte do tratamento ocorreu em São Paulo, no hospital Santa Catarina, e outra parte em Maceió. Em São Paulo, Tuca se submeteu a cirurgia para retirada do tumor na região da coluna, que durou dez horas e ficou 40 dias em leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no hospital Santa Catarina, em São Paulo. Além disso, a criança se submeteu à sessões de radioterapia e de quimioterapia, mas os tratamentos já não eram indicados para combater as células cancerígenas. Após a cirurgia ele ficou sem andar e usava cadeira de rodas para se locomover.

Com a autorização da importação da medicação, Tuca iniciou o tratamento, mas depois precisou suspender para se submeter a novas sessões de radioterapia. Depois disso, outra medicação importada foi testada no tratamento, mas não obteve efeito.

O tratamento contra o câncer era feito em São Paulo, mas havia períodos em que a criança passou com a família em Maceió. Durante o período que esteve em São Paulo, o menino recebeu visitas do ator Caio Castro e do DJ Alok, que foram até o apartamento que ele estava hospedado.

Segundo o tio de Tuca, Alex Gomes de Barros, o enterro do corpo do menino ocorrerá no cemitério Parque das Flores, localizado na Gruta de Lourdes, e será restrito à família devido a pandemia do novo coronavírus.