Frio em SP: Tendas, metrô e hotel acolhem mais de 200 moradores de rua
Na madrugada em que os termômetros registraram temperatura média de 4,7ºC na cidade de São Paulo —a mais gelada do ano até agora—, 227 pessoas foram acolhidas em tendas, estações de metrô e um hotel, que foram abertos em uma ação dos governos municipal e estadual. Foram distribuídos 169 cobertores.
Balanço da Prefeitura de São Paulo divulgado nesta manhã indica também que 58 pessoas teriam se recusado a seguir para os centros de acolhida. Até o momento, a administração municipal diz que não houve registro de mortes.
O governo informa que 50 pessoas foram recebidas na estação de metrô D. Pedro II, na região central. O abrigo, que ficará montado até 31 de julho, das 20h às 8h, tem colchões, cobertores, e também oferece água e refeição. No total, são 400 vagas disponíveis, exclusivamente para o público masculino.
Uma equipe do padre Julio Lancelotti, que trabalha com a população mais vulnerável, passou a noite na estação. O padre abriu a porta da igreja onde trabalha, na Paróquia São Miguel Arcanjo, para acolher moradores em situação de rua durante a noite.
Pela manhã, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foram ao encontro de Lancelotti, em visita à Casa de Oração do Povo de Rua, também no centro. Em uma de suas falas no evento político, ele disse que é preciso "fazer mais" por essas pessoas.
"Não esperamos que eles viessem, nós fomos até eles. Encontramos muita gente. Com doações de meias. Levamos bebidas quentes. Temos tido fornecimento muito grande de alimentação. As nossas ações são muitas, mas ainda são poucas. Precisamos mais. É uma situação emergente", afirmou.
Todos que nos ouvem também têm a responsabilidade de que cada um de nós pode fazer alguma coisa."
Padre Júlio Lancelotti
Também participaram do encontro, que gerou aglomeração, as mulheres do governador e do prefeito: respectivamente, Bia Doria, que é presidente do Fundo Social de São Paulo, e Regina Carnovale Nunes.
Aproximação e material doado
Doria anunciou a doação de 7,5 mil cobertores, mil sacos de dormir e 2 mil pares de meia para 16 entidades que atendem a população em situação de rua na capital, além de 83 mil cobertores térmicos, 2,3 mil agasalhos e 23 mil pares de meias a outras cidades do estado de São Paulo.
É a segunda vez que o governador realiza um evento junto com padre Júlio. Ontem, o religioso participou da coletiva do governo no Palácio dos Bandeirantes.
Durante a visita à Casa de Oração, Doria fez elogios ao padre, o abraçou em algumas oportunidades e, diante das câmeras e fotógrafos, chegou a arrumar com as próprias mãos o colarinho do jaleco do Padre e sua máscara de proteção.
O governador afirmou hoje ter mudado seu olhar com os moradores de rua. "Eu melhorei o meu olhar. A vida nos ensina, a oração também e os fatos te ajudam a melhorar. Devo muito ao Padre Júlio. Com diálogo e com discernimento ajudou a mim e a todos, à Bia, minha esposa", disse quando questionado pelo UOL.
Doria foi criticado quando ainda era prefeito da capital, em 2017, por operações militares repressivas na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. Ele chegou a dizer que a região havia acabado após uma ação.
O governador afirmou hoje que a mudança de sua postura se deu pelo diálogo. "Isso só foi feito a partir do diálogo, não do enfrentamento. Nós não enfrentamos o Padre Júlio e nem ele nos enfrentou", disse.
Bia Doria e Padre Júlio Lancelotti chegaram a trocar críticas públicas neste ano em meio à discussão de ações para moradores de rua. Em clima de aproximação, eles permaneceram perto, um do outro, durante o evento e não comentaram as desavenças.
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