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Exame desmente PM que matou médico recém-formado no MA: 'foi com intenção'

Médico Bruno Calaça foi assassinado dias antes de colar grau na faculdade, no Maranhão - Arquivo pessoal
Médico Bruno Calaça foi assassinado dias antes de colar grau na faculdade, no Maranhão Imagem: Arquivo pessoal

Rafael Souza

Colaboração para o UOL, em São Luís

06/08/2021 18h52

O tiro que tirou a vida do médico recém-formado Bruno Calaça, de 23 anos, poucos dias antes de sua colação de grau, em um boate de Imperatriz (MA), não foi um acidente causado pela reação do rapaz. Essa é a conclusão do exame de corpo de delito realizado no corpo do soldado Adonias Sadda, flagrado por câmeras de segurança indo até o rapaz e disparando à queima roupa, no último dia 26 de julho. O PM alegava que um chute da vítima em seu braço teria feito a arma disparar.

Um dia depois da morte do médico, o PM, que estava foragido, foi encontrado na casa do advogado e falou, em depoimento à Polícia Civil, que o tiro foi acidental e que o impacto do golpe teria forçado o dedo a apertar o gatilho - versão que não ficava clara pelas imagens gravadas em vídeo no local do crime.

O delegado que lidera as investigações, Praxíteles Martins, afirmou ao UOL que o resultado do exame apresentado hoje não indica que as lesões no policial foram provocadas no dia do assassinato. "O exame diz que a lesão corporal que há no antebraço não tem correspondência temporal com a data do fato, é um pouco mais antiga, e não tem relação com o chute porque o formato da lesão demonstra que o instrumento que o causou é incompatível com o relato", descreve o delegado.

Adonias PM - Polícia Civil do Maranhão/divulgação - Polícia Civil do Maranhão/divulgação
PM Adonias Sadda foi preso por suspeita do assassinato do médico Bruno Calaça, no Maranhão
Imagem: Polícia Civil do Maranhão/divulgação

Na madrugada do crime, Adonias estava acompanhado de outros dois homens, identificados como Waldex e Ricardo, investigados como mandantes do assassinato. Ambos seguem foragidos, enquanto o PM está preso temporariamente, em Imperatriz, aguardando o fim das investigações.

Para William Calaça, irmão de Bruno, o resultado do exame confirma o relato de algumas testemunhas, de que o caso se trata de um homicídio doloso. "Com toda a certeza. Está claro desde o início de que o policial já foi até ele com a intenção de matar", diz Willian.

Bruno Calaça estava a poucos dias da colação de grau como médico, quando foi morto. A polícia ainda investiga a motivação do crime, mas depoimentos apontam que, horas antes do assassinato, houve uma discussão dentro da boate entre Willian (irmão de Bruno) e Waldex, que estaria importunando uma amiga do grupo.

Após um momento de entendimento entre as partes, o suspeito teria chamado o PM Adonias e outro homem, chamado Ricardo, para confrontar os irmãos. As imagens de câmeras de segurança mostram que, ao se encontrarem, os homens discutem e, em questão de segundos, o PM atira contra o médico, que cai no chão e acaba morrendo.