PM é preso por matar médico dias antes de vítima colar grau na faculdade
A Polícia Civil do Maranhão segue investigando e à procura de dois suspeitos de participação na morte do médico Bruno Calaça Barbosa, de 23 anos, baleado e morto dentro de uma boate no município de Imperatriz (MA), na madrugada da última segunda-feira (26). O autor dos disparos, o soldado da policial militar Adonias Sadda, que aparece em vídeo efetuando um tiro à queima-roupa na vítima, foi preso ontem e a família da vítima clama para que ele seja expulso da corporação.
Depois de um dia foragido, o PM foi localizado na residência de um advogado e segue em Imperatriz sendo interrogado. Segundo a polícia, ele ainda será encaminhado para uma prisão militar dentro do Comando-Geral da PM, em São Luís.
Nas redes sociais, a mãe de Bruno, Arielia Calaça, fez um apelo às autoridades para que o policial seja expulso da corporação, alegando que ele não teria preparo para estar nas forças de segurança.
"Bruno era um filho maravilhoso, que tinha acabado de se formar. (...) Ele estudou a vida inteira pra ser médico. Quando ele consegue, após tantas noites perdidas, um policial despreparado, sem condições mentais de pegar em uma arma, entra em uma boate e atira em um indefeso, no meu filho, que não fez nada pra ele. Ele destruiu a minha família. Quero que a segurança pública o expulse da corporação", afirma a Arielia.
A polícia ainda investiga a real motivação do crime, mas os depoimentos apontam que, horas antes do assassinato, houve uma discussão dentro da boate entre um homem chamado Waldex e Willian (irmão de Bruno).
"A gente investiga se eles já se conheciam. Mas a princípio, não. Há relatos que uma amiga do Willian tinha se incomodado com as ações de um homem [Waldex], que estaria 'esbarrando' nela durante a festa, e ela disse que estava com o Willian. Houve uma confusão, mas, ainda ali, o segurança chegou e tudo tinha se encerrado", disse ao UOL, o delegado Praxíteles Martins.
No entanto, horas depois da confusão, Waldex teria se juntado a um amigo, identificado apenas como Ricardo, e ainda chamado o soldado Adonias para confrontar os irmãos Willian e Bruno. As imagens de câmeras de segurança mostram que, ao se encontrarem, rapidamente os homens discutem e, em questão de segundos, o PM atira contra o médico, que cai no chão em seguida.
Ricardo e Waldex seguem foragidos. Já Adonias afirmou, em depoimento, que, apesar do que mostra o vídeo divulgado pela polícia, o tiro teria sido acidental.
"Ele afirmou que se aproximou do Bruno pra acompanhar o Ricardo, porque disseram a ele que Bruno estaria armado. Ao chegar, houve troca de empurrões entre eles. Foi então que ele [Adonias] diz que, pra se proteger de uma injusta agressão, decidiu apenas sacar a arma. Mas o Bruno, ao ver a arma, chutou a mão dele para desarmá-lo. Aí ele fala que, pra não deixar a arma cair, acabou segurando com muita força e o dedo forçou o gatilho", descreveu o delegado Praxíteles.
O irmão de Bruno, Willian Calaça, contou ao UOL que ninguém do grupo dele sequer conhecia os três homens em questão. Para ele, o irmão Bruno morreu sem nem ter participado de qualquer confusão.
"Estávamos em mais ou menos 10 pessoas, em um momento de lazer. Época de muita felicidade pra todo mundo, na expectativa pela colação do Bruno. Então esse Waldex estava empurrando uma menina do nosso grupo e eu me aproximei dela. Ele não gostou, teve uma confusão, mas meus amigos interferiram e eles até apertaram as mãos. Não chegou a ter uma briga e acho que meu irmão nem chegou a ver a confusão de antes. Ele morreu de graça, sem ter feito absolutamente nada", conta Willian.
Ainda de acordo com a família, o recém-formado médico já tinha planos para trabalhar no Pará, em um hospital da Vale, e no setor de emergência em UPAs. Tudo começaria após a colação de grau, marcada para o dia 02 de agosto. No futuro, a meta também era fazer residência em ortopedia.
Natural de Campina Grande (PB), Bruno desde criança viveu e foi criado em Imperatriz (MA). O velório e enterro foram realizados ontem, em Porto Nacional, no Tocantins.
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