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Concurso da PM-AL é suspenso após suspeitar de venda de 150 gabaritos

Suspeita da fraude em concurso ocorreu depois que a PM recebeu denúncia de som alto em casa no bairro Santa Lúcia - SECOM PMAL/divulgação
Suspeita da fraude em concurso ocorreu depois que a PM recebeu denúncia de som alto em casa no bairro Santa Lúcia Imagem: SECOM PMAL/divulgação

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

15/09/2021 20h51

A prova objetiva do concurso da Polícia Militar de Alagoas, que teve o resultado divulgado no último dia 10 de setembro, é alvo de investigação da Polícia Civil de Alagoas por indício de fraude por 150 candidatos, que teriam comprado o gabarito da prova. O Governo de Alagoas suspendeu temporariamente o certame nesta quarta-feira (15).

A descoberta teve início quando um homem foi preso por desacato, no bairro Santa Lúcia, em Maceió, por se recusar a baixar o som alto de uma festa em comemoração à aprovação dele na primeira fase do concurso. Ao consultar o sistema de inteligência, os policiais descobriram que o homem foi preso sete vezes e não tem o ensino médio completo, requisito básico para o concurso. Com ele, foram apreendidos uma prova com o gabarito e três telefones celulares e ele acabou preso, no último domingo (12).

Após a ocorrência, a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a suposta fraude, na última segunda-feira (13). A perícia nos celulares deve indicar se houve comunicação com o grupo suspeito de vender o gabarito da prova. O caso está sendo investigado pela Deic (Divisão Especial de Investigações e Capturas) de Alagoas.

O que chamou a atenção da polícia é que o homem respondeu a 100 questões e deixou as 20 últimas em branco, semelhante ao que pelo menos outros 150 candidatos fizeram, e se classificou entre os primeiros colocados do concurso.

Suspensão

Uma ação judicial coletiva movida por um grupo de pessoas que fizeram o concurso e se sentiram lesadas foi protocolada, sob tutela de urgência, para que o prosseguimento do concurso seja suspenso até a anulação do certame. A suspensão temporária foi anunciada hoje, pelo Governo de Alagoas.

A ação coletiva pede ainda à Justiça determine que o governo do Estado de Alagoas rescinda o contrato com o Cebraspe ou que sejam realizadas novas provas pela banca, além de multa de R$ 3 milhões por danos morais coletivos.

O concurso foi organizado pela Seplag-AL (Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio). Em nota, o órgão afirmou que está cobrando lisura do concurso ao Cebraspe e acompanhando as investigações policiais.

"O intuito é que a gente tenha, agora, toda a tranquilidade de esperar o desenrolar das investigações e tomar as decisões mais adequadas em relação ao certame. Estamos muito dedicados a isso porque nosso grande objetivo é dar continuidade e terminar esse concurso no prazo previsto", afirmou o secretário de Planejamento de Alagoas, Fabrício Marques Santos.

O concurso da PMAL ofertou 1.060 vagas, sendo 1.000 para o cargo de soldado (ensino médio) e 60 para aspirante a oficial (ensino superior). Após o curso de formação, os salários podem chegar a R$ 8 mil. As provas foram aplicadas em Alagoas, Pernambuco e Sergipe e mobilizou 67 mil inscritos.

O Secretário de Segurança Pública de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça, se pronunciou sobre o assunto, por meio do Twitter, e afirmou, que apesar da realização da prova não ser de responsabilidade da SSP-AL (Secretaria de Segurança Pública), acompanha as investigações sobre a suposta fraude.

"Determinei à inteligência da segurança pública a investigação das notícias de irregularidades no concurso realizado para PM. Sendo confirmada, o(s) bandido(s) será(o) preso(s) e excluído(s) do certame. A SSP não faz parte do organização do concurso, mas ajudará no esclarecimento", disse o secretário.


Em nota, o Cebraspe informou que está contribuindo com as investigações policiais e que adota procedimentos de segurança não só apenas durante a aplicação das provas.

"É possível a identificação e a eliminação de pessoas que possam ter se utilizado de meios ilegais mesmo após a aplicação das provas. Se for constatado por meio eletrônico, estatístico, visual, grafológico ou por investigação policial, que o candidato se utilizou de processo ilícito, suas provas serão anuladas e ele será eliminado do concurso público. Esclarece-se que o Centro já se colocou à disposição da polícia e é o maior interessado em esclarecer os fatos", informou.