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Tudo o que se sabe sobre o desaparecimento e morte de casal em Angra

Do UOL, em São Paulo

15/09/2021 17h47Atualizada em 23/09/2021 12h19

O corpo do empresário Leonardo Machado de Andrade, de 50, foi encontrado na madrugada do dia 14 de setembro, no mar de Ilha Grande, na Costa Verde do Rio, concluindo as buscas pelo casal, desaparecido desde o dia 22 de agosto. Ele e a ex-mulher, a corretora de imóveis Cristiane Nogueira da Silva, de 48 anos, saíram para um passeio de barco e não deram mais notícias à família.

Segundo as autoridades, a polícia agora trabalha com a hipótese de que o veículo tenha naufragado. Ambos laudos médicos indicam afogamento. A embarcação ainda não foi encontrada, apenas pistas que podem ser dela.

Cristiane foi encontrada morta uma semana após o desaparecimento, no dia 30 de agosto. Ela e Leonardo pretendiam ir de barco até Ilha Verde, uma atração turística da região.

Segundo familiares, eles tentavam reatar o relacionamento. Os dois saíram de barco às 16h30 para ver o pôr do sol e não foram mais vistos. Confira o que se sabe até agora sobre o caso.

Viagem de conciliação e desaparecimento

Cristiane Nogueira morava no Rio de Janeiro e estava separada de Leonardo há três anos. Os dois haviam vivido junto por oito anos e, segundo os familiares, estavam buscando uma reconciliação. De acordo com relato do filho, Guilherme Brito, ela foi para Angra dos Reis a convite do ex-marido para passar o final de semana, no dia 20 de agosto.

A previsão era a de que Cristiane retornasse à capital carioca na segunda-feira seguinte, dia 23 de agosto, mas desde as 10h do dia 22, a família perdeu o contato com ela. Em publicação nas redes sociais na época, Guilherme afirmou que a mãe não é de ficar sem comunicação e eles estavam se falando todos os dias até então. A ausência fez com que a família ficasse em alerta.

"A gente achou que fosse por causa do sinal, e que no dia seguinte conseguiria falar com ela. No dia seguinte o motorista veio no Piratas (marina em Angra) encontrá-la para levá-la para o Rio de Janeiro e foi aí que começamos a nos desesperar", disse Guilherme na ocasião.

A família não encontrou Cristiane no ponto combinado e buscou informações com o caseiro da casa do ex-padrasto. Ali, eles descobriram que Leonardo também estava desaparecido. Guilherme foi até a cidade, onde acionou as autoridades, que iniciaram as buscas na mesma semana.

Corpo encontrado e reconhecimento por tatuagem

Cristiane Nogueira da Silva - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Filho de Cristiane Nogueira da Silva se despediu da mãe nas redes sociais
Imagem: Reprodução/Instagram

No dia 29 de agosto, a Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou um corpo na Restinga da Marambaia, em Barra de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. Devido às condições do tempo e do mar, não foi possível retirá-la do local e somente no dia seguinte as autoridades confirmaram que se tratava de Cristiane.

De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Vilson de Almeida, o reconhecimento pela família foi feito por fotografia e uma tatuagem na perna possibilitou que os familiares identificassem a mulher.

Ainda que as investigações tivessem avançado, o barco em que o casal estava não havia sido encontrado. Na época, o delegado informou que a polícia começava a suspeitar que se tratava de um caso de naufrágio. Entretanto, as autoridades não descartavam nenhuma linha de investigação.

Nas redes sociais, o filho de Cristiane, Guilherme, publicou uma mensagem de despedida para a mãe. "Era minha melhor amiga, melhor conselheira, a melhor mãe do mundo", escreveu.

Sem sinais de violência

No mesmo dia, horas após a identificação do corpo, as autoridades informaram que o legista responsável pela análise do corpo de Cristiane no IML (Instituto Médico Legal) não havia encontrado sinais de violência.

Além do laudo médico, a polícia também foi informada que os bombeiros haviam encontrado uma janela compatível com a embarcação onde o casal estava. Na ocasião, o delegado Vilson de Almeida na ocasião reforçou a hipótese de naufrágio.

Descartamos a violência empregada contra ela, já que o médico legista não encontrou nenhum vestígio. Provavelmente houve um naufrágio e ela ficou muito tempo submersa."

Pedido de socorro por sinalizador

Seguindo as investigações, a Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou, no início de setembro, que um pedido de socorro na região da Marambaia no dia 23 de agosto havia sido relatado às autoridades. Os agentes tiveram acesso a um vídeo feito por um frequentador da praia, em que é possível ver um sinalizador sendo disparado durante a noite daquela segunda-feira, na região em que a corretora teria desaparecido.

O delegado responsável pelo caso ainda informou que o laudo médico indicava afogamento como a causa da morte de Cristiane.

Devido ao avançado estado de decomposição do corpo, não foi possível determinar a causa da morte, mas há indícios de afogamento. Tivemos uma informação de que, na segunda-feira, por volta de 19 horas, houve um pedido de socorro na área da Marambaia. Nós confirmamos essa informação com a pessoa que viu o sinalizador."

Dois dias depois, a polícia também encontrou uma boia que acreditava ser da embarcação do casal.

boia - Divulgação Polícia Civil - Divulgação Polícia Civil
Boia que polícia acredita ser do barco desaparecido em Angra, com um casal. As buscas por Leonardo Machado continuam
Imagem: Divulgação Polícia Civil

Fim das buscas

As buscas por Leonardo foram encerradas na noite de quarta-feira passada (8), após 18 dias de trabalho. Na ocasião, o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro havia informado que, somente com novas provas do paradeiro do empresário, as investigações seriam retomadas.

Apesar da decisão, a 166ª DP (Angra dos Reis), que comanda o caso, enviou nota ao UOL reforçando que as investigações prosseguiriam "até que seja esclarecido o que aconteceu com o casal e com a embarcação".

Segundo corpo encontrado

Na noite de ontem, um pescador acionou o Corpo de Bombeiros após encontrar um corpo no mar de Ilha Grande, na Costa Verde do Rio. Ao ser encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal), foi confirmado que se tratava de Leonardo. Ainda, segundo a polícia, o homem estava em posse dos documentos de identidade.

O corpo do empresário foi encontrado enrolado em uma rede. A polícia já havia informado que as roupas encontradas eram semelhantes às usadas por Leonardo no dia do desaparecimento.

As autoridades também confirmaram que a causa da morte foi afogamento e que o barco estaria naufragado, mas que devido à profundidade, os bombeiros não conseguiram localizar o veículo. "Nos próximos dias devemos conseguir resgatar o barco e fazer a confirmação de que se trata do barco do casal", disse o delegado Vilson de Almeida.

Indícios da embarcação

Mergulhos realizados no sábado (18) e domingo (19) encontraram vestígios que podem ser da embarcação Novo Milênio. A prefeitura anunciou o achado na quarta-feira (22), mas a polícia, no dia seguinte, adotou cautela e afirmou que não é possível confirmar o fato no momento.

O Grupamento Marítimo de Ilha Grande informou que localizou os vestígios de um barco a 5 km da Praia do Provetá, e o secretário da Ilha, Carlos Kazuo, comentou que foram vistas uma rede embolada e uma tolda de inox retorcida, de cor verde, a uma profundidade de 38 m.

Ao UOL, o delegado Vilson de Almeida, responsável pelas investigações, disse que ainda não é possível ter certeza que os destroços encontrados pertencem ao barco que desapareceu:

Devido à profundidade, às condições do tempo e de visibilidade, ainda não é possível confirmar se realmente há um barco naufragado e se esse barco é do Leonardo. Há vestígios de destroços da embarcação, os mergulhadores dos Bombeiros encontraram um pedaço de madeira na localidade, mas não se conseguiu ter acesso ao fundo do mar para confirmar se há uma embarcação e se a embarcação é do Leonardo".