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Homem é condenado a 18 anos de prisão por morte de modelo sumida há 4 anos

Nicolle Brito Castilho da Silva, de 20 anos, desapareceu em 2017 no Rio Grande do Sul - Reprodução/Facebook
Nicolle Brito Castilho da Silva, de 20 anos, desapareceu em 2017 no Rio Grande do Sul Imagem: Reprodução/Facebook

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Balneário Camboriú (SC)

29/09/2021 16h04Atualizada em 29/09/2021 16h04

Um homem de 23 anos foi condenado ontem pela morte da modelo Nicolle Brito Castilho da Silva, desaparecida desde junho de 2017. Com 20 anos na época, a jovem foi vista pela última vez ao embarcar em um carro branco na frente de sua casa, em Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre.

Além do homicídio triplamente qualificado, o homem foi condenado por destruição de cadáver. Pelos dois crimes, foi sentenciado a 18 anos e seis meses em regime fechado inicialmente. Outras duas pessoas também são consideradas rés pelo crime, mas ainda não foram julgadas. O corpo da modelo nunca foi encontrado.

Segundo a investigação, os envolvidos no crime suspeitavam que Nicolle havia delatado a rivais do grupo o endereço onde estava um integrante da facção, Ricardo Correa Sobrinho, de 26 anos, que foi morto com a companheira antes de a modelo desaparecer (leia mais abaixo).

A decisão, tomada pela 1ª Vara Criminal do Foro de Cachoeirinha, atende pedido do Ministério Público. Os nomes dos réus não foram divulgados.

O UOL tentou acesso à decisão judicial com o MP, porém o órgão informou que o processo está em segredo de Justiça e, por isso, o despacho não poderia ser fornecido. A reportagem também tentou contato com o promotor Marcelo Rasquin Bertussi, mas a assessoria do órgão informou que ele só irá falar após os três julgamentos.

Por nota, o promotor disse que Nicolle foi assassinada por vingança, mediante dissimulação e com emprego de tortura. O UOL também acionou o TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) e espera retorno.

Na fase da investigação policial, o crime era apurado pelo delegado Leonel Baldasso, hoje aposentado. Para o UOL, ele classificou o caso como "enigmático", já que a jovem desapareceu sem deixar rastros e o corpo dela nunca foi encontrado. Baldasso disse ainda que a pena de 18 anos até é aceitável. "No Brasil é isso aí mesmo. Há casos semelhantes com menos tempo."

O inquérito foi concluído em 1º de junho de 2018, com o indiciamento de três pessoas pela morte. Dias depois, o Ministério Público denunciou as três pessoas, o que foi aceito pela Justiça, as transformando em rés pelo crime.

Na denúncia, o MP afirma que o mandante do crime seria um presidiário. A namorada dele teria conseguido o endereço da modelo e incitado a morte de Nicolle.

"Ciente da ordem, o terceiro denunciado (executor) e outros indivíduos, mediante dissimulação, atraíram a vítima do interior de casa, usando pessoa conhecida (ainda não identificada) e, na sequência, raptaram-na, levando-a ao local onde passaram a torturá-la com agressões físicas, causando-lhe intenso sofrimento até sua morte", diz trecho da denúncia.

Segundo o MP, após a modelo ter sido torturada, o corpo dela foi cortado "em pedaços e o incendiaram, destruindo o cadáver, cujos vestígios não foram até o momento encontrados", ainda conforme a denúncia.

Nicolle e a morte de um homem

A suspeita é que Nicolle tenha armado o assassinato de Ricardo Correa Sobrinho, com a participação de uma amiga dela, Paola dos Santos, de 21 anos. Porém, a amiga acabou sendo morta porque os bandidos, de uma facção rival, não confiavam nela.

Em um áudio obtido pela polícia, o presidiário investigado como suposto mandante da possível morte de Nicolle diz à sua namorada: "Eu sumi com aquela puta bem ligeirinho, e tu vai ver como vou sumir contigo".

No Facebook, Nicolle usava um nome falso —Nicolle Mariee— e chegou a postar uma foto com Paola após a morte da amiga.