Investigação de massacre em creche de SC revelou células nazistas no Rio
A investigação sobre o massacre em uma creche em Santa Catarina revelou os primeiros indícios da existência de células neonazistas no Rio de Janeiro, que se tornaram alvo da Operação Bergon, deflagrada hoje (16) pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e pela Polícia Civil.
De acordo com o promotor Bruno Gaspar, que conduziu a investigação no Gaeco (Grupo de Atuação Especializado no Combate ao Crime Organizado), foi no telefone do assassino — que matou três crianças e duas funcionárias de uma creche em Saudades, no interior catarinense, a facadas — que foram encontradas os primeiros indícios dos grupos no Rio.
"Depois do atentado os responsáveis tiveram seus celulares apreendidos e eles foram analisados. A partir da análise se chegou a uma pessoa aqui do Rio que representaria uma das células neonazistas. A célula existente no Rio não conversou diretamente com o autor do atentado, havia uma pessoa interposta", explicou o promotor.
Quatro pessoas foram presas na operação de hoje, em que também foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão. Os presos foram capturados nos municípios de Campos dos Goytacazes e Valença, no interior do Rio, além de Campinas e Suzano, em São Paulo. Outros cinco estados tiveram diligências: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, e Rio Grande do Norte.
Ainda segundo Gaspar, a Secretaria de Segurança de Santa Catarina compartilhou com as autoridades do Rio o material encontrado no telefone do autor do massacre.
Plano de ataque no ano novo
De acordo com os investigadores, um dos presos no estado de São Paulo confessou aos policiais que pretendia realizar um ataque contra uma festa de ano novo. Com ele, os agentes encontraram bombas caseiras.
De acordo com o delegado Adriano França, titular da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima), diversas armas foram encontradas durante as diligências.
"Apreendemos com os alvos soco inglês, porrete, facões. Um dos alvos confessou aos policiais no momento da prisão que usaria essa bomba em uma festa de fim de ano. Ou seja, poderia ocorrer uma tragédia", revelou.
Colaboração de autoridades americanas
Os investigadores também confirmaram que autoridades americanas repassaram informações de inteligência sobre os grupos extremistas investigados no Rio.
A colaboração ocorreu por meio da HSI (Homeland Security Investigations), que também auxiliou com as autoridades catarinenses.
O promotor Bruno Gangone, coordenador do Gaeco, lembrou que uma das estratégias dos grupos neonazistas era o aliciamento de adolescentes, muitas vezes sem conhecimento dos pais.
"Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão na casa de adolescentes, e isso serve de alerta também para os pais. Alguns pais não tinham o menor conhecimento do que seus filhos estavam publicando nas redes sociais", afirmou.
Foram expedidos quatro mandados de prisão e 30 mandados de busca e apreensão. Além do Rio de Janeiro, há alvos localizados em outros seis estados — São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, e Rio Grande do Norte.
O promotor Bruno Gaspar ainda lembrou que uma das estratégias desses grupos era o aliciamento de adolescentes para compor as células neonazistas.
"Alvos presos tinham intensas conversas sobre violência contra essas minorias e faziam também divulgação nas redes sociais, além de falar diretamente no recrutamento de jovens para integrar grupos neonazistas."
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