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Contragolpe: Homem recebe pedido no WhatsApp, reage e 'ganha' pix de R$ 200

Golpista afirmou que precisava de dinheiro para um 'pagamento particular' Imagem: Arquivo Pessoal

Heloísa Barrense

Do UOL, em São Paulo

14/01/2022 15h38Atualizada em 15/01/2022 15h13

Um servidor público de 32 anos aplicou um contragolpe no WhatsApp depois de receber pedidos de transferência de dinheiro por mensagem de texto e decidir enganar o golpista — que, na esperança de ganhos mais altos, chegou a depositar R$ 228 na conta de quem achava ser uma potencial vítima.

Nicolas* (nome fictício) mora em Brasília e recebeu um pedido de ajuda financeiro enviado pelo número de um amigo de São Paulo, no final de 2021. Mas, já avisado do uso indevido do telefone, passou a engajar com o emissor da mensagem e resolveu contra-atacar.

Ao UOL, Nicolas contou que o amigo em questão já havia avisado que havia sido vítima de um assalto e que o celular dele foi levado por criminosos. "Eu já saquei que não era ele conversando comigo na hora", conta. Na mensagem, o golpista diz que precisa de dinheiro para "um pagamento particular" e pede por uma transferência de R$ 1.980.

Eu já tinha visto esse tipo de golpe anteriormente. Nas redes sociais, vi a história de um cara que fez um contragolpe afirmando que precisava de dinheiro para colocar crédito no celular. Então, eu falei que faria transferência, mas que precisava de um dinheiro para pagar as taxas.

Segundo Nicolas, o golpista pedia por uma transferência pelo PicPay, fintech brasileira que permite a realização de PIX por meio do cartão de crédito, com a cobrança de uma taxa. "Eu falei que estava sem dinheiro na conta e que iria transferir o valor utilizando o cartão. Aproveitei e emendei a história dizendo 'Você lembra que está me devendo também?' E ele caiu".

Em contragolpe, servidor público recebeu R$ 228 após alegar que suposto amigo estava lhe devendo Imagem: Arquivo Pessoal

Na troca de mensagem, ele diz que precisa de volta os R$ 200 que foram supostamente emprestados para o amigo e que o golpista poderia aproveitar o momento para sanar a dívida. No PIX, o golpista ainda acrescentou R$ 28 da taxa de transferência do cartão, totalizando os R$ 228. Em um trecho da conversa, ele diz que precisa deste valor ainda naquela data para pagar o "arroba" - primeira palavra que ele disse ter vindo à cabeça no momento - a um amigo, chamado Dan.

Em parte da conversa, que não foi salva por Nicolas, ele ressalta que faria a transferência pelo cartão de crédito com um valor maior, de R$ 2.180, e assim pede que a dívida seja sanada antecipadamente. Ele ainda diz que, mais tarde, o golpista poderia, por fim, pagar a dívida em questão com dinheiro em espécie.

Ele ficou um tempão sem falar nada e eu já tinha desistido. Voltei a trabalhar e, quando já era no final da tarde, recebi a mensagem do aplicativo falando que eu tinha recebido esse dinheiro. Eu achei que eram outras pessoas que também estavam me devendo, mas quando olhei melhor, eu fui perceber que a pessoa tinha caído mesmo.

Nicolas já havia bloqueado o contato e avisado para o amigo que ele havia sido vítima de uma tentativa de golpe. Na ocasião, outros dois contatos do amigo paulista tinham caído na armadilha e feito a transferência de R$ 1.980. "A pessoa tinha pedido o mesmo valor para todo mundo. A conta do PicPay era de uma mulher, mas imagino que seja uma conta falsa. O meu amigo registrou um boletim de ocorrência."

Apesar do susto, familiares de Nicolas não tiveram a mesma sorte meses antes. Segundo o servidor público, o padrasto dele acabou caindo em um golpe semelhante em setembro do ano passado. "Entraram em contato com ele como se fossem representantes de algum marketplace para confirmar uma publicação e ele teve o celular clonado. Alguns parentes dele acabaram, na inocência, fazendo as transferências."

Outro contragolpe

Em dezembro do ano passado, um gerente de vendas de 35 anos fez um golpista colocar R$ 10 em créditos em sua linha de celular com a promessa de que, após o pagamento, faria o PIX - que nunca aconteceu. A pessoa havia solicitado um depósito de R$ 2.432,00, alegando dificuldades de realizar ela própria o depósito e que seu aplicativo voltaria a funcionar somente no dia seguinte.

Com intuito de ludibriar o golpista, o gerente de vendas esperou para pedir recarga no seu celular, até convencê-lo de que ele não tinha dados de internet móvel. "Sugeri que, se fosse urgente, ele poderia fazer a recarga no meu celular e eu adicionaria os R$ 10 no Pix", disse a vítima ao UOL na ocasião.

A estratégia deu certo. Ao final do contragolpe, o gerente de vendas agradeceu a recarga e a conversa não teve mais continuidade. O golpista bloqueou o contato.

Como se proteger

Tilt, canal de ciência e tecnologia do UOL, já mostrou outras trollagens em golpistas pelo WhatsApp e apontou dicas de segurança e o que fazer diante de situações semelhantes que você pode ver clicando aqui. Confira algumas delas a seguir.

Aumentando a segurança: O WhatsApp sugere algumas medidas de segurança para evitar o roubo de contas:

  • Nunca compartilhar código de confirmação do WhatsApp recebido por SMS com amigos ou familiares.
  • Desconfie de pessoas pedindo dinheiro via mensagem e sempre ligue para confirmar antes de fazer qualquer tipo de transferência.
  • Não abrir links desconhecidos recebido via SMS.
  • Cuidado ao abrir links recebidos. O golpe em que se envia uma mensagem chamativa com um link malicioso é chamado de phishing. Os golpistas costumam usar falsas promoções, atualizações de cadastro, ofertas de emprego e notícias sobre celebridades para atrair a vítima. Ao clicar, um programa espião, por exemplo, pode ser instalado no celular para obter informações pessoais, como dados bancários.

Confirmação em duas etapas: Ela funciona como uma camada a mais de segurança e pode ser ativada nas configurações do aplicativo.

  • Para isso, vá em Configurações > Conta > Confirmação em duas etapas.
  • Crie um PIN (conjunto de códigos numéricos) que será solicitado de tempos em tempos.

*Nome real foi preservado a pedido da fonte para resguardar suas identidade e segurança.

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