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Cobra prenhe é resgatada do 19º andar após dias 'circulando' em prédio

Lorena Barros

Do UOL, em São Paulo

28/03/2022 19h02Atualizada em 29/03/2022 14h59

Uma cobra da espécie Suçuaboia foi resgatada de um apartamento no 19º andar de um prédio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, após passar quase duas semanas "aparecendo" em partes do condomínio.

O animal, uma fêmea, teria sido visto pela primeira vez por uma criança que morava no Condomínio Ernest Hemingway, localizado em área nobre da cidade. Ele chamou o pai para avisar que tinha encontrado o animal dentro do quarto dele.

Na ocasião, o Corpo de Bombeiros foi acionado, mas as equipes não conseguiram achar o animal. Três dias depois, o Instituto Jacaré foi acionado por uma moradora para ajudar nas buscas.

"A mulher perguntou 'você atende esse tipo de chamado?' e eu disse 'mesmo que eu não atendesse eu iria aí, porque estou curioso'", conta em entrevista ao UOL o biólogo do Instituto Jacaré, Francisco Ricardo Freitas. Ele explica que a maior questão para a equipe, que faz resgate de répteis em áreas urbanas da capital fluminense, era saber como o bicho chegou ao 19º andar.

Veterinário descobriu que cobra estava prenha após exames - Francisco Ricardo Freitas/Instituto Jacaré - Francisco Ricardo Freitas/Instituto Jacaré
Veterinário descobriu que cobra estava prenhe após exames
Imagem: Francisco Ricardo Freitas/Instituto Jacaré

Na primeira visita ao condomínio, o biólogo não conseguiu encontrar a cobra. Dias depois, na quarta-feira (23), acompanhado de equipes do Corpo de Bombeiros e do proprietário de um dos apartamentos, o animal foi localizado em um compartimento de gesso que tinha sido transformado em uma calha.

"A gente encontrou ela quebrando um dos segmentos [do gesso] e ela ficou 'ilhada'. Depois, com ela pinçada com um gancho, pedi que o rapaz quebrasse o resto do gesso e ela caiu", explicou.

Após o resgate, a equipe do Instituto Jacaré chamou um veterinário. O profissional atestou o bom estado de saúde do animal e, em um ultrassom, viu que a cobra estava prenha. O animal ainda não foi medido e pesado, o que deve ser feito nos próximos dias. Ela pode ser levada ainda nesta semana para o Centro de Triagem do Ibama.

Espécie não tem veneno e mata presas apertando

Cobra está no Instituto Jacaré e pode ser entregue ao Ibama nos próximos dias - Francisco Ricardo Freitas/Instituto Jacaré - Francisco Ricardo Freitas/Instituto Jacaré
Cobra está no Instituto Jacaré e pode ser entregue ao Ibama nos próximos dias
Imagem: Francisco Ricardo Freitas/Instituto Jacaré

A Suçuaboia, animal da mesma família das jiboias, não é venenosa e mata suas presas ao apertar e quebrar seus ossos para facilitar a deglutição. Ela é uma cobra vivípara e, por isso, não põe ovos, gestando os filhotes e dando à luz.

O estado das fezes do animal sinalizava que ela não se alimentava havia algum tempo.

"Elas se alimentam em grandes espaços de tempo. Dependendo de como se criam as serpentes em cativeiro, ela pode ser alimentada semanalmente, a cada 15 dias, 20 dias ou a cada mês, podendo ficar saudável como estava. Ela deve ter chegado há pouco tempo na casa da pessoa, pode ter fugido sem mesmo ter tido tempo de se alimentar", estipulou.

Origem do animal é desconhecida

O biólogo não sabe determinar com certeza como a cobra foi parar no 19º andar do prédio, mas desconfia que ela tenha fugido de algum apartamento após ser capturada de forma irregular, já que não está chipada, estava prenhe e o edifício não fica localizado em uma área florestal.

"Partindo de um princípio muito básico, é um esforço muito grande ela entrar lá embaixo e ir até o 19º andar. Não faz muito sentido. Alguma pessoa deve ter levado ela para o condomínio, já que ela é um atrativo muito grande no mundo pet. Então algumas pessoas comercializam, tem quem pegue o animal na natureza para fazer comércio. Podem ser muitas coisas", fala o biólogo.

O UOL tentou entrar em contato com o Condomínio Ernest Hemingway por telefone para saber se há informações sobre a origem do bicho, mas não recebeu retorno até o momento.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro também foi procurada e informou que nenhum boletim de ocorrência sobre o assunto foi registrado nas delegacias da região.