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Pedreiro de 23 anos é atropelado minutos após ver o filho nascer e morre

Jean conheceu o filho pouco antes de ser atropelado, em Curitibanos (SC) - Arquivo Pessoal
Jean conheceu o filho pouco antes de ser atropelado, em Curitibanos (SC) Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

28/03/2022 15h48Atualizada em 28/03/2022 15h58

Minutos após ver o filho nascer, Jean Carlos Ribeiro da Rosa, 23, foi vítima de um atropelamento em Curitibanos (SC), a 317 km de Florianópolis. O pedreiro ficou 22 dias internado, mas não resistiu e morreu no sábado (26), quando foi confirmada a morte encefálica.

De acordo com a família, o atropelamento aconteceu em 5 de março, logo após Jean acompanhar a esposa no parto do segundo filho do casal, no Hospital Hélio Anjos Ortiz. Ele chegou a registrar o momento do nascimento do recém-nascido e ficou ao lado da esposa, até ela ser conduzida ao leito para recuperação.

Pouco tempo depois de se despedir da esposa e do filho, Jean sofreu o atropelamento por um carro enquanto atravessava a rodovia Cabo José Luiz de Andrade. Ele retornava de uma lanchonete. O motorista, segundo a PM (Polícia Militar), era um idoso de 72 anos, que prestou socorro e responde em liberdade. Consultada pelo UOL, a Polícia Civil informou que investiga o caso.

"Ele presenciou o nascimento do filho e foi a uma lanchonete depois. Ao retornar para a unidade, acabou atropelado", contou a irmã, Dara Ribeiro, de 25 anos.

Os parentes relatam que o acidente deixou Jean com traumatismo craniano e lesões corporais, incluindo fraturas na coluna, costela e pulmão. Ele ficou mais de três semanas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Maicé, em Caçador.

"Ele teve morte encefálica após ficar internado. Como pai, era excelente. Às vezes era mais brincalhão do que as próprias crianças da família, como os sobrinhos. Todo mundo gostava de ficar perto dele", comentou Daria.

Família decide doar órgãos e ajuda cinco pessoas

Segundo a irmã de Jean, a família em comum acordo decidiu doar os órgãos do jovem. Ela diz que os parentes foram motivados após lembrarem que a vítima, quando era criança, quis ajudar um irmão mais novo que tratava leucemia.

"A gente tinha um irmão adotivo com leucemia. Daí a gente lembrou que o Jean disse que, se pudesse, tiraria um pedaço do corpo dele para colocar no nosso irmão. Isso foi há 13 anos, mas lembramos desse momento quando a equipe perguntou para a gente sobre a doação de órgãos", recorda a irmã.

Os órgãos de Jean, segundo a família, ajudarão cinco pessoas que estão na fila de transplantes.

"A gente pensou que poderia ajudar outras vidas. Os órgãos foram retirados e ajudou cinco pessoas. Agora sabemos que vários lugares do Brasil têm um pedacinho dele", concluiu.