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RJ: 'Água me cobriu dentro de casa', relata moradora após chuva na baixada

4.abr.2022 - Com a bicicleta enlameada, Amanda Santos espera em fila ajuda a vítimas das chuvas em Belford Roxo - Igor Mello/UOL
4.abr.2022 - Com a bicicleta enlameada, Amanda Santos espera em fila ajuda a vítimas das chuvas em Belford Roxo Imagem: Igor Mello/UOL

Igor Mello

Do UOL, em Belford Roxo

04/04/2022 14h45

Moradores de Belford Roxo, uma das cidades mais atingidas no fim de semana por enchentes na Baixada Fluminense, contam que por pouco não conseguiram escapar com vida durante o temporal na noite de sábado (2). O UOL esteve hoje no Ciep Constantino Reis, no bairro São Bernardo, que virou um ponto de apoio para as vítimas do município.

Centenas de pessoas esperavam no sol por atendimento. Com uma bicicleta coberta de lama, a manicure Amanda da Silva Santos, 39, diz que só teve tempo de fugir de casa com os dois filhos adolescentes. Mesmo assim, quase foi levada pela água, que subiu em menos de uma hora, entre 23h e 0h.

Eu estava dentro de casa. Quando fui ver, a água começou a entrar rápido. Só deu tempo de sair com meus filhos, mas mesmo assim a água chegou a me cobrir."
Amanda da Silva Santos, moradora de Belford Roxo

O bairro São Bernardo e outros da região ficam à beira do rio Botas, um dos principais da Baixada Fluminense, que transbordou com o temporal, provocando inundações em diversos pontos.

Moradora do bairro Santa Maria, Amanda conta que sua casa fica na beira do Botas. Ela perdeu tudo na chuva e não sabe como irá reconstruir a vida.

"Moro lá há 35 anos e nunca vi nada parecido. Na outra vez, [a água] entrou dentro de casa, mas não foi com tanta agressividade. Dessa vez, foi muito rápido", compara.

"Perdi tudo. Televisão, geladeira, guarda-roupa, ventilador... Não consegui nem salvar os meus documentos. Pretendo ver se o governo ajuda. Vou continuar trabalhando até recuperar minhas coisas tudo de novo."

4.abr.2022 - Izabela Núbia Venâncio mostra comprovante de residência após sua casa ser inundada - Igor Mello/UOL - Igor Mello/UOL
4.abr.2022 - Izabela Núbia Venâncio mostra comprovante de residência após sua casa ser inundada
Imagem: Igor Mello/UOL

Morador entrou em beco alagado com jacaré e cobra

Izabela Núbia Venâncio, 28, e o camelô Anderson Vicente de Souza, 35, contam que também enfrentaram a correnteza para conseguir se salvar.

Ela mora desde que nasceu em Santa Maria e afirma que há décadas não havia uma enchente tão forte. "Antes a água só chegava no nosso quintal", lembra.

O casal relata que a água subiu mais de 1,5 m onde moram e muitas pessoas ficaram ilhadas. Animais como jacaré e uma sucuri apareceram.

"Atrás da nossa casa tem uma senhora de 81 anos que passou a noite toda na laje, com um guarda-chuva. Tivemos que tirar o cachorro dela de dentro da água", diz Izabela.

"A correnteza ou te levava ou te cobria. Pra chegar em casa tive que dar umas braçadas no beco", lembra Anderson. "Tinha jacaré, cobra e até uma sucuri. Mesmo assim encarei a água. Para ajudar vidas a gente não mede esforço, não."