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Morre mulher baleada por ex em condomínio de luxo do Recife

Rosália Vasconcelos

Do UOL, em São Paulo

13/07/2022 17h43Atualizada em 13/07/2022 22h00

Foi sepultado, na noite de hoje, o corpo da empresária Lizia Regina de Albuquerque Melo, 50, morta a tiros pelo ex-companheiro, Emerson Alexandre Raulino, 50, que tirou a própria vida após o crime. O enterro foi realizado no Cemitério Morada da Paz, no município do Paulista, na região metropolitana do Recife. O crime ocorreu no Condomínio Morada dos Navegantes, prédio de luxo localizado no bairro de Boa Viagem, na zona sul da capital pernambucana.

Na última sexta (8), Emerson invadiu o apartamento onde Regina morava há apenas três dias — desde que o casal havia se separado — e efetuou diversos disparos contra ela e sua filha, Mayara Lícia Melo de Oliveira Britto, 20, atingida de raspão por um dos tiros disparados pelo ex-padrasto, e o genro dela, Breno Filipe Sales, 28. Mayara recebeu alta nesta terça-feira (12), pouco antes da mãe falecer.

Regina passou quatro dias internada na UTI de um hospital da Unimed Recife, após ser atingida na cabeça por um dos projéteis. A unidade de saúde informou o óbito na noite de ontem. Breno Filipe, primeira vítima do crime, morreu ainda na sexta-feira (8) após ser atingido no peito.

"Agora é esperar o pessoal do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de Pernambuco) encerrar a perícia e os laudos. A família está em silêncio", disse o primo de Lizia Regina, identificado apenas como Marcelo, enquanto acompanhava a liberação do corpo no Instituto de Medicina Legal, na manhã desta quarta-feira.

Também hoje a Polícia Civil de Pernambuco começou a colher os depoimentos das testemunhas do caso. Já foram ouvidos os funcionários do edifício Morada dos Navegantes, o síndico do condomínio e a esposa dele.

Questionada se o caso seria tipificado como feminicídio, a Polícia Civil de Pernambuco, em nota ao UOL, informou que o caso está sendo investigado como duplo homicídio e tentativa de homicídio, seguidos de suicídio. Uma das linhas de investigação considera que Emerson foi proibido de entrar no imóvel depois que a mulher decidiu dar início a um processo de separação e que ele não aceitaria o fim do relacionamento.

Família de Breno quer investigação de socorro

Segundo uma das irmãs de Breno, Priscila Machado, a família do jovem vai tomar providências em relação à morte do rapaz, por entender que houve demora e negligência no socorro.

"O laudo diz que o que matou ele (Breno) não foi o ferimento em si, mas a perda de sangue. Ele foi baleado às 7h50, mas só deu entrada (no Hospital da Restauração) às 9h28", conta, em entrevista ao UOL.

De acordo com Priscila, Breno chegou a sair do prédio gritando por socorro. Testemunhas disseram que a ambulância do Samu chegou pouco tempo depois. No entanto, uma das médicas de plantão, cujo nome não foi informado, teria se recusado a atendê-lo porque ele estava sem acompanhante e sem documento de identidade.

"Ele demorou 1h40 para ser socorrido. Nunca vi um médico fazer um juramento e ver uma pessoa baleada precisando de socorro e dizer que só sairia dali com um acompanhante. A revolta toma conta da família", afirmou Priscila.

O UOL entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Pernambuco na noite desta quarta-feira (13) para questionar se o órgão já recebeu denúncia quanto ao atendimento prestado e se alguma providência seria tomada em relação à profissional de saúde, ainda não identificada. Este espaço será atualizado tão logo haja posicionamento.

Relembre o caso

A empresária Lizia Regina foi baleada na sexta-feira (8), junto à filha de 20 anos e ao genro, de 28, em um apartamento de área nobre da zona sul do Recife. Emerson Raulino esperou um carro sair e invadiu o prédio pela garagem, após ter o acesso negado pelo porteiro. De acordo com os funcionários, desde a madrugada, por volta das 4h, o homem tentava entrar no edifício, mas era barrado na portaria.

Em todas as vezes, segundo os funcionários, Regina teria sido avisada das investidas de Emerson para tentar subir ao seu apartamento.

Regina e Mayara moravam há apenas três dias no Condomínio Morada dos Navegantes. Elas haviam solicitado que o porteiro não permitisse a entrada do homem, pois ele não estaria aceitando o fim do relacionamento.

Segundo a esposa do síndico do edifício, Taciana Borges, Emerson, dono de uma frota de caminhões, era tido por funcionários do local como uma pessoa "difícil".

"A enteada dele tinha avisado ao porteiro que não queria que ele entrasse mais. Ela disse que a mãe estava em processo de separação e que ele era muito agressivo com ela. Eu conversei com o porteiro para que ele orientasse Emerson a não entrar. Porque, até então, todos pensavam que ele era o proprietário do imóvel e não podemos proibir a entrada de um proprietário sem medida cautelar contra ele", explicou ao UOL no dia do crime.

Após Emerson invadir o prédio e já no elevador, o zelador, que prestou depoimento hoje na polícia, teria tentado impedir que ele subisse ao apartamento da ex-companheira. No entanto, Emerson teria mostrado a arma ao funcionário e dito: "o negócio não é com você".

Poucos segundos depois, Taciana e os funcionários do condomínio ouviram tiros vindos do 4º andar, onde fica o apartamento em que Lizia Regina morava. Neste momento, acionaram a polícia. Segundo Taciana, os disparos aconteceram no corredor e o apartamento ficou praticamente intacto.

As três pessoas baleadas chegaram a ser socorridas a unidades de saúde locais. O atirador já foi encontrado sem vida no imóvel.