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Quem são as vítimas de incêndio que matou 6 em casa de repouso em SP

Da esquerda para a direita: Adelson Alexandre Gino, Luciane Avelina Chaves, Ermozira da Conceição Clemente e Therezinha Barbosa Ribeiro - Arquivo pessoal/Arte UOL
Da esquerda para a direita: Adelson Alexandre Gino, Luciane Avelina Chaves, Ermozira da Conceição Clemente e Therezinha Barbosa Ribeiro Imagem: Arquivo pessoal/Arte UOL

Do UOL, em São Paulo

11/09/2022 11h41

O incêndio em uma casa de repouso na zona leste de São Paulo na madrugada de ontem matou idosos, uma cuidadora no primeiro dia de trabalho e deixou uma senhora de 103 anos entre os sobreviventes.

A Polícia Civil irá investigar se a responsável pelo estabelecimento, que não tinha alvará de funcionamento, será indiciada por incêndio culposo e homicídio. Contudo, a investigação só será concluída após os laudos feitos no local onde ocorreram as seis mortes.

A proprietária do local, que se chama "Lar da Vovó", já prestou depoimento. Contudo, o nome dela não foi revelado pela Polícia Civil. O UOL não conseguiu localizá-la para que ela se posicionasse.

Só uma cuidadora no momento do incêndio. A cuidadora Adriana dos Santos Souza, 39, estava no seu primeiro dia de trabalho na madrugada de ontem, quando ocorreu o incêndio na casa de repouso. Única funcionária no local, ela estava em um dos quartos e morreu em decorrência da inalação da fumaça.

Dois idosos estavam no mesmo quarto da cuidadora. Os idosos Adelson Alexandre Gino, 61, e Arthuro Loureiro Perez, cuja idade não foi revelada, estavam no mesmo quarto da cuidadora e também morreram por inalação da fumaça causada pelo incêndio.

O músico Alex Lima, 33, genro de Adelson, acompanhou ontem a retirada dos corpos do local e foi ao 49º DP (São Mateus), que investiga o caso. "Ele estava sendo bem cuidado com o conforto e o suporte que precisava. É difícil ter que lidar com uma situação dessas", disse.

Adelson Alexandre Gino morreu em incêndio em casa de repouso da zona leste de São Paulo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Adelson Alexandre Gino morreu em incêndio em casa de repouso da zona leste de São Paulo
Imagem: Arquivo pessoal

Segundo a família, Adelson estava sob os cuidados da casa de repouso desde abril deste ano, quando o estabelecimento funcionava em outro endereço. Há três meses, foi para o imóvel onde ocorreu a tragédia. Ele foi levado ao local após sofrer uma queda, que o deixou com problema em um dos braços, de acordo com os parentes.

"Os bombeiros nos informaram que tinha ocorrido o incêndio e que o meu genro tinha falecido. Estamos desorientados", disse o vendedor Eduardo Mendonça, 36, que também era genro de Adelson e estava com Alex na delegacia.

Idosa morta tinha esquizofrenia. Sonia Pinho, 71, cujo corpo foi encontrado dentro do box do banheiro por peritos do IML (Instituto Médico Legal), estava internada em casas de repouso há mais de um ano. Diagnosticada com esquizofrenia há oito anos, ela morava com a família. Mas, devido ao agravamento da doença, precisou ser levada a um estabelecimento.

Ela deixou dois filhos e quatro netos. Filha de Sonia, a cabeleireira Thais Cristina Pinho, 44, foi consolada por parentes ontem em frente à delegacia, após receber a notícia da morte da mãe. "A família está devastada", disse.

Gelta Maria Meneguim Wonraht e a tia Ermozira da Conceição Clemente, 103, uma das sobreviventes de incêndio em casa de repouso em SP - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Gelta Maria Meneguim Wonraht e a tia Ermozira da Conceição Clemente, 103, uma das sobreviventes de incêndio em casa de repouso em SP
Imagem: Arquivo pessoal

Sobrevivente de 103 anos. Uma das sobreviventes, Ermozira da Conceição Clemente está internada em estado grave no hospital São Mateus após inalar a fumaça no incêndio.

Sobrinha da idosa, a advogada Gelta Maria Meneguim Wonraht, 65, disse que costumava visitá-la a cada 15 dias na casa de repouso.

"Ela estava muito bem. É lúcida, só tinha problemas de visão e audição", conta.

Após a morte do único filho há 20 anos, em decorrência de um câncer, Ermozira passou a morar sob os cuidados de uma cuidadora. Nos últimos cinco anos, foi para uma casa de repouso, onde convivia com a irmã, que morreu há dois anos.

"Podia ser a minha mãe também". A outra sobrevivente do incêndio foi a idosa Maria da Conceição Ramos, 74, que está internada em estado estável no hospital São Mateus.

Filho dela, Weverton Luiz Ramos, 32, lamentou a tragédia. "Está todo mundo atordoado, né? Me coloco no lugar das famílias que perderam os seus parentes. Podia ser a minha mãe também".

Therezinha Barbosa Ribeiro, 81, teve o corpo carbonizado em incêndio que deixou seis pessoas mortas e duas feridas em lar de repouso em São Mateus, zona leste de São Paulo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Therezinha Barbosa Ribeiro, 81, teve o corpo carbonizado em incêndio que deixou seis pessoas mortas e duas feridas em lar de repouso em São Mateus, zona leste de São Paulo
Imagem: Arquivo pessoal

Registro do último aniversário. Therezinha Barbosa Ribeiro foi a única vítima que morreu carbonizada, já que estava no quarto dos fundos onde ocorreu o incêndio.

Em dezembro de 2021, comemorou o seu aniversário de 81 anos com a família. Só foi para a casa de repouso nos últimos três meses, para que pudesse ter cuidado em tempo integral.

Filho de Therezinha, o autônomo Valdir Ribeiro, 44, disse ter visitado a mãe pela última vez há uma semana, em um encontro que durou cerca de duas horas. "Ela queria passar um fim de semana com a gente. Depois, nos despedimos com um beijo. O estado de saúde dela era bom. Ela só tinha mais dificuldade para levantar da cama. Agora, só quero fazer um velório digno para a minha mãe".

Luciane Avelina Chaves, que tinha Síndrome de Down, morreu em incêndio em casa de repouso da zona leste de São Paulo  - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Luciane Avelina Chaves, que tinha Síndrome de Down, morreu em incêndio em casa de repouso da zona leste de São Paulo
Imagem: Arquivo pessoal

O corpo de Luciane Avelina Chaves, 42, que tinha Síndrome de Down, foi encontrado na cozinha da casa de repouso. Segundo a Polícia Civil, ela morreu em decorrência da inalação da fumaça causada pelo incêndio no quarto dos fundos do estabelecimento.

Luciane estava em casa de repousos há dois anos, segundo a família, já que necessitava de cuidados. Ela é descrita pela irmã Lucimara Avelina Chaves da Silva, 54, como uma pessoa doce. "Ela era saudável e estava sendo muito bem cuidada. Quem espera por uma coisa dessas?".