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Menina de 1 ano tem dedo cortado com tesoura por descuido em hospital no RJ

Dedo de criança foi cortado com uma tesoura durante atendimento em unidade de saúde de São Gonçalo (RJ) Imagem: Arquivo pessoal/Prefeitura de São Gonçalo/reprodução

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL

16/03/2023 17h14

Uma criança de um ano e sete meses teve o dedo amputado por engano, durante a retirada de uma atadura, no Pronto-socorro Infantil de São Gonçalo, região metropolitana da cidade. A menina deu entrada na última segunda-feira (13) para tratar uma picada de mosquito na testa e acabou tendo parte do dedo mínimo direito decepado.

A família procurou o hospital após ela aparecer com uma marca de picada de mosquito na testa, que acabou causando muito inchaço e, por isso, a garota precisou ficar internada e tomar anti-inflamatório na veia. Durante a tarde da última terça-feira (14), acompanhada pela mãe, uma técnica de enfermagem foi retirar o acesso do medicamento, inserido no braço da criança, e decidiu cortar a atadura com uma tesoura, mas, segundos depois, a menina começou a gritar de dor.

Quando ela foi cortar a atadura, cortou o dedo junto, sem anestesia. Imagino a dor que a minha neta sentiu. Na hora, começou a esguichar o sangue, ela começou a gritar de dor e imediatamente retiraram a mãe da sala e chamaram o cirurgião. Logo depois, as técnicas voltaram para tentar encontrar o dedo cortado.
Avó da vítima, em entrevista ao UOL
As identificações dela e de seus familiares foram suprimidas para preservar a criança.

Após o acidente, segundo a família, a criança foi sedada, uma enfermeira teria ido até a mãe e dito para ficar despreocupada porque a menina estava apenas com um "rasguinho no dedo". A mãe chegou a avisar à família que estava tudo bem, mas, no dia seguinte, por volta das 10h, a avó decidiu ir até o hospital verificar o que havia ocorrido e apenas teve autorização para ver a menina às 16h.

"Quando cheguei, veio a diretora do hospital, assistente social e outras pessoas para falar comigo. Foi aí que percebi que tinha alguma coisa errada. Elas mostraram o raio-X, disseram que a minha neta estava bem, mas não queriam abrir o curativo. Disseram que não podiam abrir por risco de infeccionar. Mas eu insisti, falei que queria ver. Foi uma luta para elas mostrarem; e quando a gente viu, haviam tirado metade do dedo", lamentou a avó.

De acordo com o pai da criança, a companheira, mãe da menina, que estava calma achando que seria apenas um corte, ficou desesperada quando viu que tinham amputado sua filha e ele chegou a passar mal: "estou desamparado, todo me tremendo", disse o jovem ao UOL.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil de São Gonçalo lamentou o ocorrido e informou que a criança está estável e sendo avaliada por equipe multidisciplinar diariamente. "O Pronto-socorro Infantil está prestando todo suporte neste momento. Em relação à profissional, uma técnica de enfermagem concursada há 20 anos no município, ela foi imediatamente afastada até a conclusão da sindicância que foi aberta para apuração do caso", informou.

Trauma e investigação

A família decidiu prestar queixa na 72ª DP da Polícia Civil na tarde de hoje. Ao UOL, a Polícia Civil confirmou o registro do caso na 72ª DP (São Gonçalo), com depoimento dos familiares da criança.

"Os agentes foram ao hospital e solicitaram informações para identificar os responsáveis pelo atendimento e o prontuário médico", esclareceu a polícia.

Segundo a família, o hospital não ofereceu nenhum tipo de ajuda para a família, a exemplo de tratamento psicológico, mas mencionaram que a garota seria encaminhada a um cirurgião plástico futuramente, uma vez que a menina está em fase de crescimento.

"Minha neta está traumatizada. Quando entra a família para visitar, ela brinca, conversa, mas quando entra uma pessoa diferente, ela já chora, esconde a mão e fala 'o dedo dói, o dedo'", contou a avó. A criança segue internada para observação e recuperação da amputação.

A gente pede justiça, mas aí eu me pergunto, o que seria justiça? O dedo dela não vai voltar. Não sei o que pedir, o que vou querer. Não sei o que fazer, o que falar. Só queria voltar com a minha neta intacta, mas isso já não é possível. A criança nasceu perfeita, gordinha, saudável, e agora teve o dedo amputado por erro médico. Ela vai sentir muito isso quando crescer.

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