IBGE: Recenseadores foram recusados em 1 milhão de domicílios
Recenseadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foram recusados em 1.000.667 domicílios durante a coleta de dados para o Censo de 2022. O Distrito Federal e os estados de São Paulo e Rio de Janeiro lideram o ranking da taxa de recusa no país.
O que aconteceu
Esse número representa 1,38% do total de domicílios visitados. Segundo o presidente do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, a recusa é um "fenômeno natural" mundial.
Ao longo da coleta, os recenseadores fizeram diferentes ações de conscientização, principalmente para população de alta renda, conforme mostrou o UOL. A previsão inicial era de que o resultado fosse divulgado em outubro do ano passado, mas o número insuficiente de respostas gerou prorrogações até a data de hoje.
A taxa nacional de recusa (de 1,38%) não é considerada alta pelo IBGE.
O Censo teve início no ano passado — durante o período de eleições no país, quando também havia uma intensa polarização política.
Para garantir que os dados sejam confiáveis, o IBGE usa tecnologias avançadas para fazer as devidas aferições seguras. "Os dados de contagem populacional são totalmente confiáveis, não temos dúvidas", exemplifica o presidente do instituto.
A recusa, no entanto, pode impactar nos resultados específicos — que devem ser divulgados nos próximos meses pelo instituto. Para evitar essas pequenas lacunas, os pesquisadores têm agora se debruçado sobre os dados.
Para o IBGE, o fato de ter feito o Censo em um período eleitoral com extrema polarização política contribui para as recusas.
Em algumas vezes, [as pessoas] não atendiam porque era o 'Censo do governo'. Já pessoas mais ligadas ao ex-presidente [Jair Bolsonaro] reclamavam do IBGE, sobretudo na taxa de desemprego, e se recusavam. [...] A gente precisa acabar com isso, o Censo é do Brasil, não é de um governo. Algumas pessoas precisam parar de se orgulhar ao dizer que não responderam, isso é ruim para o país, para todos. Tem de ter orgulho de responder."
Cimar Azeredo Pereira, presidente do IBGE
Já a taxa de não resposta, que inclui aquelas pessoas não foram encontradas em seu domicílio, foi de 4,23%. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso lideram o ranking.
Moradores de Santana de Parnaíba desconversam sobre recusa ao Censo
Santana de Parnaíba é um dos municípios que aparece nos dois rankings —tanto de taxa de recusa, como de não resposta.
A taxa de recusa na cidade foi de 4,6%, perdendo apenas para Maracanaú (CE), que ficou com 5,2%. Já no índice de não resposta, o município ficou em primeiro lugar com 16,8%.
Moradores de Santana de Parnaíba entrevistados pelo UOL dizem que não foram visitados pelo Censo ou que não receberam qualquer "aviso". Teve quem respondeu que ainda aguardava a visita do IBGE — o que não vai ocorrer.
A principal justificativa dos moradores era o palpite de que eles estariam fora de casa no momento em que o recenseador teria passado no domicílio.
O IBGE informou, à época, que quando um recenseador encontrava uma casa vazia, ele retornava ao menos quatro vezes para tentar concluir a pesquisa. Um recado era deixado no local para avisar sobre o questionário.
O Censo só passa em horário comercial e a gente está em serviço essas horas, aí fica complicado. Achei até estranho a pergunta, porque não passou o Censo, não passou. Estranho isso [a reportagem encontrou moradores que responderam ao Censo]."
Maria Tânia dos Santos Vieira, 57, ajudante geral na Cultura
Deve ter passado quando estava viajando, porque a gente não fica sempre aqui. A minha filha mora em Aracaju (SE) e eu e meu marido sempre vamos lá visitar."
Ana Célia Freitas Kobayashi, 68, bancária aposentada
O professor Deni Domingos da Silva, 43, acredita que os moradores do município não entendem para que são usados os dados, logo não se importam com o Censo. "Com uma clareza melhor do que é feito desses dados faria com que mais gente respondesse. Se divulgasse o que é feito com esse dado, mais gente responderia", afirma.
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