Como ricaço driblou medo e convenceu população de que Martinelli não cairia
Colaboração para o UOL
19/07/2023 04h00
O Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu de São Paulo, voltou aos holofotes depois que o topo do prédio foi concedido à iniciativa privada em mais uma ação do projeto de revitalização do centro da cidade — o Grupo Tokyo, responsável pela balada de mesmo nome no Centro de São Paulo, venceu a licitação e vai administrar os últimos andares e o terraço do prédio.
Inaugurado em 1929, o edifício enfrentou alguns problemas durante sua construção — que começou em 1924 e previa apenas 12 andares. Para ficar pronto, o projeto contou com uma promessa de seu criador, Giuseppe Martinelli, empresário e um dos homens mais ricos de São Paulo na época.
Projeto polêmico e promessa
Na época, as construções de São Paulo não chegavam a cinco andares — com exceção do edifício Sampaio Moreira que, com 12 andares e 50 metros, era então o prédio mais alto da cidade.
O imigrante italiano Giuseppe Martinelli, empresário e um dos homens mais ricos de São Paulo na época, enfrentou a opinião pública e a prefeitura. A construção previa somente 12 andares, mas, quando chegou ao 24º andar, a prefeitura paralisou as obras por medidas de segurança.
Martinelli reuniu documentos para provar que a obra era segura e, após análises da prefeitura, o projeto foi liberado para ter 25 andares — mas o objetivo do italiano era que ele pudesse chegar a 30.
Promessa e palacete na cobertura do edifício. Para demonstrar que acreditava na construção e que o prédio não cairia, Martinelli conseguiu amenizar a desconfiança da população e das autoridades com uma promessa: ele mesmo moraria lá com sua família, em um palacete na cobertura.
Mais curiosidades sobre o edifício Martinelli
Criador deu nome ao prédio. O imigrante italiano chamado Giuseppe Martinelli, que chegou ao Brasil em 1889, quando tinha 19 anos, foi o responsável pela construção.
Edifício foi construído por 600 trabalhadores. O prédio icônico tem 30 andares, 130 metros de altura e 2.133 janelas. Ele foi o primeiro arranha-céu da cidade de São Paulo e o mais alto do país até 1947.
Inaugurado ainda incompleto. A inauguração do edifício aconteceu em 1929, quando ele só tinha 12 andares. No entanto, as obras foram retomadas e seguiram até 1934.
Barroco francês, neoclássico, rococó e art déco. O projeto inicial foi do arquiteto húngaro William Fillinger, mas a obra acabou finalizada pelo sobrinho do empresário italiano, Ítalo Martinelli. O resultado foi a mistura de diversos estilos na fachada do edifício.
Ponto de encontro da elite paulistana. Desde sua inauguração, em 1929, até meados dos anos 1930, o edifício reuniu a elite de São Paulo ao abrigar o hotel de luxo São Bento, o cinema Cine Rosário e até mesmo uma academia de dança.
Prédio passou por alguns proprietários. Alguns anos depois de Martinelli perder sua fortuna com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, o edifício foi vendido para o governo da Itália. Já em 1943, com o Brasil declarando guerra ao Eixo — do qual a Itália fazia parte —, alguns bens foram confiscados e o edifício passou a ser propriedade da União.
Em 1950, o edifício foi ocupado de forma irregular e viveu anos de decadência. Somente em 1975, sob o mandato do prefeito Olavo Setúbal (1975-1979), a Câmara Municipal da cidade interveio no edifício com o apoio do exército. Após uma restauração, o prédio voltou, em 1979, a abrigar escritórios, órgãos municipais, restaurantes e lojas.
Desde 1992, o prédio é tombado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental). Isso significa que suas características externas e elementos internos devem ser protegidos.
*Com informações da EFE