Élcio detalhou em delação passo a passo do dia da morte de Marielle, diz PF
Do UOL, em São Paulo
24/07/2023 12h09Atualizada em 24/07/2023 14h50
O ex-PM Élcio de Queiroz detalhou o passo a passo do dia da morte da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes na delação premiada dele à PF, disse o delegado Guilhermo Catramby.
O que aconteceu?
Élcio afirmou que foi acionado para ajudar na execução do crime no mesmo dia em que ele ocorreu, segundo a PF. O contato, de acordo com depoimento, teria sido feito por Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos, por aplicativo de mensagens.
Durante o trajeto para o centro da cidade, Ronnie foi no banco da frente e, chegando ao local, Ronnie se equipou no banco de trás e fez a vigilância, de acordo com o delegado. "Quando da saída da Marielle, Anderson e Fernanda, ambos seguiram o Cobalt, e emparelharam", disse Catramby.
A rota de fuga foi detalhada por Élcio com minúcias, de acordo com o delegado. "Seguiram pela Leopoldina, pegaram acesso da Avenida Brasil, foram para a linha amarela, e desceram na última saída para o Méier. De lá, pararam o veículo na casa de Ronnie Lessa, interfonaram para o Denis Lessa [irmão de Ronnie] e entregaram a bolsa contendo os itens utilizados no crime. Ronnie chama um táxi. Conseguimos o rastreamento dessa corrida de ambos do Méier até a Barra da Tijuca", acrescentou.
Esses novos detalhes das investigações foram divulgados hoje pela PF e pelo MP-RJ. As informações foram detalhadas após uma operação que prendeu o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel e amigo de Ronnie.
Ronnie teria monitorado Marielle
Ronnie fez buscas na internet pelo CPF de Marielle, segundo a PF. O ex-PM também teria procurado por informações da filha da ex-vereadora, Luyara Santos, e ficou comprovado que a motivação do crime era a atuação de Marielle como vereadora.
As investigações apontam que o ex-PM descobriu o endereço de Marielle na internet dois dias antes do crime, em 12 de março de 2018. Depois disso, ele fez uma pesquisa no Google de como chegar até o local. Em seus depoimentos anteriores, o policial militar reformado havia informado que nunca tinha feitos buscas com o nome da ex-vereadora.
No dia 14 de março de 2018, Marielle saiu de uma palestra na Casa das Pretas, na Lapa, e foi assassinada junto ao motorista Anderson Gomes em uma rua no bairro de Estácio, na região central do Rio. A PF ainda não conseguiu esclarecer se a vereadora estava sendo perseguida desde sua residência.
PF faz nova prisão relacionada a caso Marielle
A PF deflagrou na manhã desta segunda-feira (24) a operação Élpis, com um mandado de prisão preventiva e sete de busca e apreensão no Rio de Janeiro. O alvo preso foi Suel.
Após a operação, o ministro Flávio Dino disse que ela foi possível devido ao acordo de delação premiada de Élcio de Queiroz. Segundo o chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública, Queiroz assumiu que participou do assassinato de Marielle com Ronnie.
Suel participou de ações de "vigilância e acompanhamento" de Marielle antes do assassinato, e depois, ajudou a encobertar o crime, disse o ministro.
O ex-bombeiro auxiliou Ronnie Lessa na "manutenção" da família do Élcio na prisão e ajudava financeiramente a pagar a defesa. "Isso dá uma contemporaneidade a sua atuação, [ele] auxiliava os executores a se eximirem da participação no crime", afirmaram os investigadores. Há indícios de envolvimento de Maxwell em atividades de organização criminosa, segundo a PF.
Caso Marielle
A vereadora do Rio Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes, foram assassinados a tiros, em 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, no Centro do Rio.
Os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos, apontados como autores dos homicídios — o primeiro teria atirado nas vítimas, e o segundo dirigia o carro que emparelhou com o da vereadora. Eles ainda não foram julgados, mas passarão por júri popular, em data ainda a ser definida pela Justiça do Rio.
Ainda não há sinalização sobre quem foi o mandante do crime. O primeiro inquérito, que concluiu a participação de Lessa e Queiroz, não conseguiu definir se eles agiram sozinhos ou a mando de alguém.